Por: Guillermo Alvarado
Em comentário recente já tínhamos advertido: a economia argentina parece um navio afundando devido às medidas tomadas pelo governo do presidente Maurício Macri, que está levando o país ao pior estado desde a crise global de 2008.
Recentes relatórios do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos assinalam que no mês de junho passado os indicadores despencaram 6,7 por cento, o recuo mais brusco nos últimos nove anos e notavelmente debaixo de quando o partido Cambiemos de Macri ganhou as eleições presidenciais.
É verdade que a intensa estiagem nas zonas rurais tem a ver com esta situação, porém as políticas implementadas pelo governo são as verdadeiras responsáveis, em primeiro lugar devido à liberação cambial, a desregulação financeira e o abandono do comércio doméstico e exterior às leis do mercado.
Nenhuma das promessas de Macri foi cumprida, nem as feitas durante sua campanha eleitoral, nem quando ganhou os pleitos legislativos de 2017 e garantiu que a mudança propulsada pelo governo melhoraria o padrão de vida da população, que poderia ter projetos e sonhos e realizá-los.
A realidade é bem diferente conforme artigo do jornal Página 12, que assinala: ao invés de choverem investimentos, estamos numa recessão cada vez mais visível.
O ministério da Fazendo admitiu que neste ano o Produto Interno Bruto – PIB – será quase zero. Já o mais recente relatório da Comissão da ONU para América Latina e o Caribe CEPAL estimou que no final do ano o resultado será 0,3 por cento negativo na Argentina.
Página 12 explica que o setor industrial está sofrendo um deslocamento da produção devido às importações e a queda da taxa de emprego.
De dezembro de 2015, quando assumiu o governo de Cambiemos, até hoje perderam seus empregos nas fábricas perto de 83 mil pessoas, que se somam às que foram dispensadas no setor público.
Além das demissões em massa, temos a contração dos salários e das aposentadorias, a subida das tarifas dos serviços públicos indispensáveis, uma equação cujo resultado só pode ser a diminuição do consumo, que afeta diretamente os produtores e comerciantes.
Mesmo assim, Macri insiste em seus projetos e anunciou que vai pedir ao Fundo Monetário Internacional a entrega da segunda parcela do crédito de 50 bilhões de dólares pactuado, segundo ele, para equilibrar as finanças públicas.
Assim, em setembro, a Argentina receberá dois bilhões 916 milhões de dólares, que se somam aos 15 bilhões já concedidos e que são praticamente uma pedra amarrada ao pescoço de uma economia que mal consegue manter a cabeça fora d'água.
O rumo da economia argentina é bem perigoso: vai da crise ao choque e de lá ao caos, e mais para frente ninguém sabe o que pode acontecer com um governo que teima em virar as costas para a realidade.