Por: Guillermo Alvarado
Finalmente, após meses de incertezas e duras negociações, os três países da América do Norte: México, Estados Unidos e Canadá, adotaram novo tratado de livre comércio, imposto quase à força por Donald Trump para garantir e aumentar suas vantagens no intercâmbio regional.
O presidente obrigou praticamente seus parceiros a aceitarem suas condições sob a ameaça de explodir o que restava do pacto comercial que tinha entrado em vigor a 1o de janeiro de 1994.
Trump cismou tanto com esse acordo, que obrigou a mudar seu nome de TLCAN – Tratado de Livre Comércio da América do Norte- pelo quase impronunciável USMCA – Estados Unidos – México – Canadá-.
Para os mexicanos, o novo pacto tem luz e sombra. De um lado, vai manter a garantia de que 80 por cento de suas exportações tenham compradores seguros – uma vantagem de dois gumes -, porém haverá sérios prejuízos em diferentes atividades, como a indústria automotriz.
As novas regras poderão reduzir até a metade esse setor, especialmente a que obriga a que os automóveis importados na área de livre comércio tenham até 25 por cento de peças fabricadas em zonas de elevados salários, o que coloca o México em desvantagem com relação aos Estados Unidos e o Canadá.
Muitas das grandes corporações do ramo automotivo têm suas subsidiárias no país latino-americano, justamente porque lá se pagam salários muito baixos.
Além disso, embora o novo acordo esteja aprovado, até agora os Estados Unidos não cancelaram os impostos adicionais sobre o aço e o alumínio ao México e Canadá, o que significa que o livre comércio só será admitido por Washington quando convier aos seus interesses.
O México também foi pressionado para abrir mais seus mercados aos produtos agropecuários norte-americanos, uma medida ruinosa que pode desmantelar o pouco que resta neste ramo da economia.
O TLCAN assinado em 1994 e que esteve vigorando durante 24 anos destruiu praticamente a pequena e média indústria agrária, que não conseguiu suportar a concorrência dos poderosos fazendeiros norte-americanos, que recebem subsídios de seu governo para manter seus níveis de produção e vendas.
Por exemplo, o México, que era um país autossuficiente e exportador de milho – alimento básico da maioria das famílias mexicanas – agora deve importar mais de 25 por cento desse grão para satisfazer as necessidades da população.
Ao assinarem o novo acordo, nem o México, nem o Canadá poderão pactuar tratados similares com a China ou a Venezuela, o qualquer outro país onde haja governos que não sejam do agrado da Casa Branca, o que ultrapassa o âmbito comercial e econômico virando um assunto de soberania nacional.
Em todos os pactos se ganha e se perde, mas com os Estados Unidos, especialmente no governo Trump, qualquer um que negocie com esse país perde na certa, essa poderia ser a triste lição do novo acordo comercial.