Por Maria Josefina Arce
Os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil faziam prever como seria o segundo turno, que aconteceu no último domingo e cujo vencedor foi o candidato do Partido Social Liberal, o ultradireitista Jair Bolsonaro.
O militar reformado brasileiro foi proclamado ganhador dos pleitos ao obter mais de 55 por cento dos votos contra perto de 45 por cento obtidos pelo seu rival, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores.
Muitos fatores conduziram à vitória de Bolsonaro, a despeito de seu discurso agressivo, xenófobo, racista e homofóbico. O candidato do PSL, apoiado pelo dinheiro de grandes empresários, colocou em andamento uma intensa campanha para desmoralizar o candidato petista.
Os brasileiros foram bombardeados com notícias falsas, fotos trucadas e calúnias contra o candidato do PT, cuja campanha teve de se centrar em desmascarar as acusações.
Os fake news plantaram dúvidas em muitos eleitores sobre a figura de Fernando Haddad, um político moderado, que dirigiu durante sete anos o ministério da Educação sem nenhuma denúncia de corrupção e com excelentes resultados de gestão.
Na semana prévia ao segundo turno, subiu o número do eleitorado de Haddad, porém não foi suficiente para salvar a distância que o separava de Bolsonaro. O dano feito pela campanha suja contra ele já tinha dado frutos como se viu no primeiro turno, em 7 de de outubro passado.
O outro fator que viabilizou a vitória de Bolsonaro, segundo os analistas, é o desapontamento dos brasileiros pela corrupção política, a crise econômica, o aumento da violência e o crime. Estes dois últimos Bolsonaro prometeu enfrentar com mão dura.
Também não podemos perder de vista que o PT passou tarde demais o protagonismo da campanha a Haddad. É verdade que o ex-presidente Lula era o favorito para ganhar as eleições, porém estava preso e, portanto, inabilitado. Se perdeu muito tempo em lançar como candidato do PT quem fora, desde o começo, seu companheiro de chapa.
A presidência do Brasil passa agora a um homem que tem saudades da ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985 e já declarou que incluirá alguns militares em seu gabinete.
A eleição de Bolsonaro, apoiada pelos grandes empresários e e vista com agrado pelos Estados Unidos, foi um novo golpe para a democracia e desperta o fantasma da ditadura militar no Brasil. Estão em jogo os direitos dos trabalhadores, camponeses e de todo o povo brasileiro.
Porém, a eleição de Bolsonaro não só afeta o Brasil, mas também a América Latina em razão de suas consequências. A região é testemunha nos últimos anos da contraofensiva da direita e das políticas neoliberais.
O Brasil é um país muito importante na América Latina, e tem fronteira com a Venezuela. Com a presidência nas mãos de um sujeito de tendência fascista se aproximam tempos incertos e de ameaças à paz e à integração do continente.