G. Alvarado
Para os Estados Unidos, ocupar e controlar a América Latina e o Caribe não é mera questão de pátios traseiros, e sim a manifestação de um direito divino que pretende levar à prática através de vários métodos, como a imposição do neoliberalismo e o estabelecimento de bases militares.
Para Washington, ambos os conceitos se complementam. Por isso busca criar governos nos diferentes países com as condições políticas e econômicas que favoreçam seus interesses e permitam permear seus exércitos.
Faz algumas décadas, conseguia o primeiro por meio das ditaduras – civis ou militares – que alentava, aprovava e mantinha. Por exemplo, o clã Duvalier no Haiti, os Somoza na Nicarágua, o Paraguai sob a bota de Stroessner e os regimes militares da Guatemala, El Salvador, Chile, Argentina, Uruguai e outros de uma longa relação.
Os tempos vão mudando e os métodos imperiais não são imunes a este princípio. Hoje em dia, propicia governos afins às teorias neoliberais, que mais cedo ou mais tarde acabam admitindo bases ou pessoal militar.
Um exemplo claro é o Equador, de onde a Revolução Cidadã expulsou-os de Manta e agora o presidente Lenin Moreno está tentando deixá-los voltar através das ilhas Galápagos arguindo que se somariam à luta contra as máfias do narcotráfico e outras formas do crime organizado.
Sem dúvida, é uma desculpa esfarrapada, porque se o verdadeiro propósito das bases militares norte-americanas fosse o combate ao tráfico de entorpecentes, teríamos percebido alguma coisa, haveria sinais nessa direção.
Na Colômbia, há nove bases militares, incluídas as mais modernas de Apiay, Tolemaida, Palanquero e Larandia. Todavia, naquele país continua invariável a plantação, produção e tráfico de drogas justamente para o mercado norte-americano. Aliás, o maior mercado de drogas no mundo.
Fora do discurso endereçado a cidadãos mal informados ou muito ingênuos, o verdadeiro motivo das 75 bases que Washington – aberta ou disfarçadamente – mantém em nossa região não é outro senão controlar o uso de enormes recursos naturais, como combustível, minérios, as chamadas terras raras, ou as florestas e a água que são abundantes em muitos de nossos países.
Nada satisfaz mais os Estados Unidos do que o estabelecimento do neoliberalismo no Brasil, primeiro com o golpista Michel Temer e agora com o súdito incondicional Jair Bolsonaro. Por quê? Ora, porque abre as portas de entrada para a imensamente rica Amazônia.
Não é mera casualidade que entre os dez países que exibem as maiores reservas de água doce no mundo há três latino-americanos: Brasil, em primeiro lugar, Colômbia, no sexto lugar e Peru, no oitavo.