Por Guillermo Alvarado
Finalizada a convenção nacional do partido Democrata dos Estados Unidos, todos querem saber agora se funcionará bem a indicação de Kamala Harris – primeira mulher negra e filha de imigrantes – para a vice-presidência do país.
Faltam dois meses e poucos dias para as eleições, que acontecerão em quatro de novembro. Embora as pesquisas de opinião sejam favoráveis a Joe Biden, a verdade é que, por enquanto, ninguém ganhou, nem perdeu nada.
As enquetes retratam um instante e o setor onde foram feitas as perguntas, portanto, o que se pode esperar é uma tendência, e não uma certeza.
Basta que uma variável se modifique, ou não funcione como se esperava, para que se alterem os prognósticos. Por isso, serão chave estes dois meses e poucos dias que faltam na campanha eleitoral norte-americana.
A senadora Harris é justamente uma dessas variáveis utilizadas pelos democratas para ampliar seus votos em lugares críticos e onde eles fracassaram faz quatro anos apesar de terem sido os favoritos nas intenções de voto.
Nos pleitos de 2016, Hillary Clinton não conseguiu mobilizar a juventude, especialmente aqueles que queriam um país diferente, mais inclusivo, justo e unido.
A eles se dirigiu Harris ao aceitar sua candidatura. Em seu discurso falou em sua historia como filha de dois imigrantes: a mãe, da Índia, e o pai jamaicano.
Destacou o racismo sistêmico que existe nos Estados Unidos e o fracasso das políticas de Donald Trump, marcadas pela incompetência, o caos e a insensibilidade que provocaram medo e solidão entre as pessoas. E deixou claras as necessidades das comunidades negra, hispânica e indígena.
A partir de agora, contudo, o discurso deve passar do geral às propostas concretas, e demonstrar na prática que Biden e sua equipe podem fazer as coisas diferentes, especialmente com relação aos excluídos e aqueles que estão começando a vida de estudantes ou a trabalhar sem ver claras suas oportunidades.
Em 2016, 60 por cento da população com direito ao voto depositaram suas cédulas e, embora os democratas tivessem ficado com o voto popular, perderam os colégios eleitorais determinantes.
É difícil que Biden consiga mais votos do que possui hoje em dia. O resto é a tarefa de Kamala Harris. Vamos ver se pode neutralizar um Donald Trump que, embora seja como é, continua agradando a um número considerável de norte-americanos. O show continua.