Por Maria Josefina Arce
Em 2019, Jair Bolsonaro assumiu a presidência. E aí começou a se complicar a situação ambiental do Brasil, que possui a maior diversidade do mundo, a superfície mais extensa de floresta tropical e 12 por cento das reservas de água doce do planeta.
Rapidamente, Bolsonaro começou a desmantelar as políticas ambientais para favorecer fazendeiros, mineradoras e membros da agroindústria.
Diminuiu as verbas destinadas ao Ministério do Meio Ambiente e cortou fundos para ações contra a mudança climática.
A nomeação de Ricardo Salles para dirigir esse importante ministério comprovou as intenções do governo. Salles, tido como o antiministro que destrói o que deveria cuidar, seguiu cegamente os passos do presidente.
O ministro propôs revogar leis que têm a ver com o cuidado meio ambiental, pedido atendido pelo CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente -, órgão consultivo da pasta.
A medida prioriza a construção de hotéis no litoral brasileiro, em detrimento de áreas de manguezais e da flora que cresce nas areias das praias.
A mencionada revogação foi aprovada com o voto a favor dos oito representantes do governo no CONAMA, que, ao ser reformado no ano passado, reduziu a participação de ecologistas e da sociedade, mas manteve os grupos empresariais.
A medida foi categoricamente rejeitada por deputados e diferentes entidades. A bancada do Partido Socialismo e Liberdade na Câmara de Deputados remeteu um projeto de decreto legislativo no qual pede ao Congresso que suspenda o adotado pelo CONAMA.
A reprovação da gestão de Salles aumentou nos últimos meses, tanto assim que o Ministério Público Federal pediu a um tribunal regional que examinasse pedido de afastamento de Salles por instituir políticas irresponsáveis.
O Brasil perdeu o rumo sob a presidência de Bolsonaro. Disparou o desflorestamento na Amazônia, que em 2019 sofreu danos consideráveis devido a grandes incêndios e em 2020 também não teve melhor sorte.
O mundo precisa da verdade para superar seus desafios, afirmou Bolsonaro em seu discurso no 75º período de sessões da ONU, mas a verdade é que o presidente brasileiro não admite os incêndios no pulmão do planeta, nem a responsabilidade de seu governo. É mais fácil culpar os outros, os povos indígenas que vivem na Amazônia, do que admitir que as ações do governo pretendem qualquer coisa menos cuidar da rica biodiversidade do Brasil.