Por Guillermo Alvarado
O povo da Bolívia vive a última semana sob o domínio do regime golpista que, no próximo domingo, terá de devolver o poder ao Movimento ao Socialismo – MAS – depois do golpe de Estado do ano passado contra o então presidente Evo Morales.
São dias cruciais, porque existem naquela nação grupos que ainda sonham com algum ardil para impedir que Luis Arce assuma a presidência.
São segmentos que não se conformam com a categórica vitória obtida pelo MAS nas eleições de 18 de outubro passado, nas que 55,1 por cento dos votos ficaram com Luis Arce, 26 por cento a mais que seu rival mais próximo, Carlos Mesa.
A vitória de Arce foi um alívio dentro e fora do país, porque muda a correlação de forças em nível regional e centra a atenção no Equador, onde as eleições de fevereiro de 2021 poderiam confirmar a tendência de retorno dos movimentos populares e progressistas,
Um artigo assinado por Juan J. Paz e Miño Cepeda, publicado na Agência Latino-Americana de Informação – ALAI – recorda que a campanha do Movimento ao Socialismo se realizou em condições inéditas, não só por causa da hostilidade do regime golpista, mas também pela pandemia de Covid-19.
Foi preciso prescindir dos comícios nas ruas e setores populares, indígenas e a classe média tiveram de recorrer à mobilização eleitoral por outras vias. Esses segmentos populacionais tiveram seus direitos espezinhados pela presidenta imposta Jeannine Áñez e seus principais colaboradores.
Vale recordar que Arce foi o arquiteto do programa econômico mais próspero e brilhante da América Latina e o Caribe durante o governo de Morales, uma experiência que será muito útil quando estiver dirigindo o país, que. em apenas oito meses, foi devastado e empobrecido.
Não estamos falando em que vai copiar o feito ao longo dos primeiros 13 anos de governo do MAS, interrompidos pelo golpe de 2019 e sim na magnífica oportunidade de um novo começo.
Além disso, vai provar que só as forças progressistas democráticas, os movimentos de esquerda e de avançada social são capazes de conter os abusos do neoliberalismo e as ações espoliadoras das multinacionais e das potências econômicas.
Dentro de alguns dias, portanto, teremos a possibilidade de presenciar um acontecimento poucas vezes visto: a devolução do poder que tinha sido roubado ao seu dono legítimo, o povo.