Imagen / Radio Universidad de Chile
Maria Josefina Arce
Lenin Moreno deixa o Equador numa situação desastrosa ao finalizar seus quatro anos de governo, marcados por uma crise econômica, social e sanitária, agravada pela Covid-19 que levou o país à beira do abismo devido ao ineficaz combate à dença.
Moreno deixa a presidência com mais de 90% de reprovação. Os equatorianos consideram seu governo um dos piores da história.
Em 2017 assumiu a direção do país com o aval de ter sido o vice-presidente do gabinete do ex-presidente Rafael Correa, que tinha propiciado profundas mudanças, após longos anos de instabilidade política e social.
Correa transformou o Equador tornando-o um interlocutor em nível internacional. O país recuperou sua soberania com a saída em 2009 das tropas norte-americanas da base de Manta e aprovou, um ano antes, uma nova Constituição, que reconhece os direitos de todos os equatorianos.
Moreno, porém, torceu o rumo do Equador. Trouxe de volta o FMI – Fundo Monetário Internacional – com seus programas de ajuste, e sua carga pesada sobre os segmentos populacionais mais pobres.
A pobreza disparou no país sul-americano. Hoje em dia, 32% da população vivem na pobreza. Em apenas um ano (de 2019 a 2020) esse índice subiu 7,4%.
O número de desempregados mostra a deterioração do mercado de trabalho por causa da crise econômica sob o mandato de Moreno e que piorou ostensivamente com a pandemia. Hoje, o desemprego atinge perto de sete por cento das mulheres e quase quatro por cento dos homens.
O combate ineficaz à Covid-19 tem sido outra das constantes críticas ao governo de Lenin Moreno. O Equador aparece entre as três nações da América do Sul com mais casos da doença.
Hoje, há no país perto de 500 mil contagiados e mais de 20 mil pessoas morreram.
A vacinação é muito lenta, marcada pelo uso de influências dos que estiveram até agora no governo em favor de seus familiares.
Há muitas insatisfações com a vacinação em massa que está mal organizada, as filas são longas e as pessoas obrigadas a esperar horas a fio. Além disso, não há suficientes doses para imunizar as que convocadas.
Tal situação fez com que em abril passado fosse afastado de seu posto o ministro da Saúde Mauro Antonio Falconi, o terceiro na direção da pasta desde que começou a pandemia.
No meio desta complicada situação, o empresário e banqueiro Guillermo Lasso assumiu a presidência na segunda-feira, 24 de maio. O novo governo, portanto, terá o desafio nos próximos quatro anos de dirigir um país salpicado de múltiplas desigualdades.