Maria Josefina Arce
Quando a Covid-19 apareceu e se espalhou pelo mundo, os cientistas começaram a buscar uma vacina para conter a doença causada pelo novo coronavírus que produziu milhões de mortos e contagiados até agora.
O bom desenvolvimento da biotecnologia em Cuba, que conta com o apoio total do governo, permitiu que os cientistas da Ilha se unissem a esses esforços. Cuba é o primeiro país na América Latina em utilizar produtos obtidos dentro da nação contra a doença.
Hoje, o país conta com cinco candidatos vacinais, um deles (Soberana Plus) destinado aos que se restabelecem da Covid-19, que, como sabemos, deixa diferentes sequelas.
Os imunizantes “Abdala” e “Soberana 02” se aplicaram com êxito aos profissionais da saúde levando em conta o elevado risco que correm todos os dias nos hospitais e centros de isolamento.
Ademais, se realiza uma intervenção sanitária em Havana, cidade que, desde o começo da pandemia, vive a situação mais complicada no país devido à sua elevada densidade populacional e grande movimentação. A intervenção vai se estendendo aos poucos a outras províncias da nação.
Mais de dois milhões de cubanos já receberam ao menos uma dose dos candidatos vacinais, que não produzem reações adversas graves.
Aprovada pelo Centro para o Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos, começou, também o ensaio clínico da vacina Soberana 02 na população pediátrica, que, segmento em que vem subindo os contágios nas últimas semanas.
Voluntários na faixa etária de 12 a 18 anos receberam na última segunda-feira a primeira dose do candidato vacinal que, como explicaram os especialistas, foi desenvolvido sobre uma plataforma tecnológica muito segura e conhecida. Vem sendo trabalhada pelo Instituto Finlay de Vacinas ao longo de mais de 15 anos.
Chegar até aqui não foi fácil, as pedras no caminho foram muitas por causa do bloqueio norte-americano que endureceu em tempos de pandemia colocando em risco como nunca antes a vida dos cubanos.
O bloqueio econômico aumenta os custos dos materiais imprescindíveis para o desenvolvimento e produção dos candidatos vacinais, dificultando a intervenção sanitária no país.
Cuba precisa comprar meios de cultura em nações longínquas, porquanto não pode adquiri-los nos EUA. Seu envio demora mais de 24 dias, quando em 17 horas poderiam estar aqui se não existisse o bloqueio.
Como se não bastasse, não esmorece o constante assédio e perseguição aos fornecedores da indústria farmacêutica cubana.
Situação como essa Cuba vem enfrentando faz quase 60 anos. Neste caso, é um atentado ao Programa Nacional de Imunização, que, mesmo assim, nunca parou graças ao compromisso do governo e dos cientistas cubanos.
Cuba apostou em seus próprios imunizadores, ciente do alto profissionalismo de sua comunidade científica, acostumada a driblar as limitações que impõe a política hostil dos Estados e garantir a saúde de todos os cidadãos.