Guillermo Alvarado
Acumulam-se as provas de que alguns países sul-americanos, especialmente o de Maurício Macri da Argentina, se intrometeram nos assuntos internos da Bolívia em 2019 e apoiaram de diferentes maneiras o golpe de Estado contra o então presidente Evo Morales.
O golpe teve elevado custo em vidas humanas; todos se lembram das chacinas de Senkata e Sacaba, cometidas por policiais e militares bolivianos, que utilizaram munições enviadas da Argentina.
Quem fez a denúncia foi o atual ministro da Justiça Martin Soria ao afirmar em Buenos Aires que Macri tinha carregado as armas com as quais a ditadura boliviana massacrou seu povo.
Soria se referia à investigação que se realiza nos dois países: desde o primeiro instante funcionários do governo de Macri (do partido Juntos por el Cambio) enviaram grande quantidade de munições e equipamentos ao regime golpista.
Um avião da Força Aérea Argentina partiu com 11 membros do corpo elite conhecido como Alacrán, dotados de 70 mil cartuchos para, supostamente, proteger a embaixada em La Paz.
Nunca houve nenhum intento de ataque contra a sede diplomática, porém quando os oficiais voltaram a seu país não levaram consigo nenhuma munição.
O pretexto de que gastaram as balas em treinamentos dentro da embaixada é totalmente ridículo: teriam de passar dias inteiros atirando para esgotar essa enorme quantidade de munições.
Mas isso não é tudo. Como se sabe, para transportar elementos armados de um país a outro é preciso cumprir determinados protocolos, no caso da Argentina, contar com a aprovação do Congresso, tudo isso se violou.
Também saltaram os trâmites correspondentes na alfândega, portanto ocorreu simplesmente tráfico ilegal de armas, um delito em que estão envolvidos o ex-presidente Macri, seu chanceler, Jorge Faurie e os ex-ministros de Segurança, Patrícia Bulrich, e da Defesa, Oscar Aguad.
Existe uma carta do ex-comandante da Força Aérea boliviana Gonzalo Terceros, endereçada ao embaixador argentino, Normando Álvarez Garcia, agradecendo a ajuda enviada pelo governo de Macri.
Juntos por el Cambio já tinha perdido as eleições e o presidente estava perto de entregar o poder ao seu substituto Alberto Fernández, mesmo assim fez tudo para apoiar o golpe contra Evo Morales e instalar um regime golpista na Bolívia, como queriam os Estados Unidos.
Uma intromissão grosseira nos assuntos domésticos de uma nação soberana.