Foto: Archivo/RHC
Realizado o último debate entre os candidatos à presidência do Chile, Gabriel Boric, da progressista aliança Apruebo Dignidad, e José Antonio Kast, da coalizão de extrema-direita Pacto Social Cristiano, tudo está pronto para o segundo turno das eleições no próximo domingo, 19 de dezembro.
O debate, transmitido por rádio e televisão, revelou que os dois candidatos querem mostrar uma imagem moderada a fim de captar os indecisos ou ausentes no primeiro turno, que perfizeram 53 por cento do eleitorado e poderiam decidir agora o resultado.
É mais fácil para Boric, um candidato de 35 anos, a idade mínima para ser presidente no Chile. Ele participou das lutas estudantis de 2011, em troca tem pouca experiência no complicado mundo da política eleitoreira e partidária.
“Espero ser presidente de todos os chilenos, que proporcione certezas e tranqulidade, e saibam que vamos dar o melhor de nós para construir um país mais justo, mais igualitário”, disse confirmando suas promessas de melhorar as aposentadorias, subir os impostos que pagam os mais ricos e combater a corrupção.
Para Kast é mais difícil maquiar suas ideias de extrema-direita e, especialmente, seu passado ligado a Pinochet.
A revista alemã Der Spiegel detalha que Kast “não repreende nem late” como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, prefere usar a linguagem sutil, o sorriso de pastor de igreja, por onde desliza seu perfil ultraconservador, misógino e xenófobo.
Nas últimas semanas quis se mostrar como democrata moderado e negou que tivesse pensado dissolver o ministério da Mulher, mas as pessoas têm boa memoraria: quando era deputado, votou contra todas as leis que pretendiam favorecer as mulheres no Chile.
Também não se pode deixar de lado que sendo estudante universitário foi um ativista pela permanência do ditador de Augusto Pinochet, seu irmão Miguel foi ministro nesse regime, e atacou com fúria o movimento pela diversidade sexual e as iniciativas para o meio ambiente.
Faltam poucos dias para o segundo turno dos pleitos no Chile, mas poucas vezes o ambiente eleitoral chileno tinha sido tão polarizado e, ao mesmo tempo, tão indefinido quanto ao resultado.
No Chile, o voto é voluntário, a abstenção é tradicionalmente elevada e boa parte da população está farta de governos que prometem mudanças, mas não fazem nada.