As reclamações se multiplicam para que a multinacional espanhola Repsol assuma a responsabilidade pelo vazamento de seis mil barris de petróleo, no último dia 15, nas costas do distrito de Ventanilla, província de El Callao, no Peru, que vive seu pior desastre ecológico dos últimos tempos.
O derramamento se originou na refinaria La Pampilla, propriedade da companhia petroquímica que desde o primeiro instante está tratando de esquivar suas obrigações.
Repsol demorou muito em notificar o acontecido às autoridades peruanas e jogou a culpa nas ondas provocadas por um tsunami em consequência da erupção de um vulcão submarino em Tonga.
A empresa, que culpa a Marinha por não ter dado o aviso, também mentiu no começo quanto à magnitude do vazamento. O número que informou era insignificante, falava em sete galões, mas a realidade mostrou que a situação era grave de mais: pescadores e comerciantes da região ficaram sem sustento devido aos graves danos ocasionados ao meio ambiente.
O ministério peruano do Meio Ambiente informou de danos em mais de 180 hectares de faixas de praia e 713 de superfície no mar.
As declarações da multinacional espanhola também foram desmentidas por esportistas que participavam de uma competição de barcos no vizinho Puerto del Callao. Eles afirmaram que na hora do vazamento havia ondas anômalas e escutaram forte barulho, como se fossem explosões.
A resposta de Repsol também não era a esperada ante um acontecimento desse tamanho. Para muitos, a empresa atuou de maneira irresponsável e incompetente.
Não é a primeira vez que as multinacionais provocam danos consideráveis à saúde humana e ao meio ambiente nos lugares onde operam. Todos sabem do caso Chevron-Texaco, culpada de um desastre humanitário e ambiental na Amazônia equatoriana. A empresa operou no país sul-americano de 1964 a 1992 e contaminou terras e águas.
Seu comportamento irresponsável ocasionou problemas de saúde aos habitantes da região, muitos adoeceram de câncer, tiveram problemas reprodutivos e bebês nasceram com defeitos.
Faz mais de 10 anos a explosão de uma plataforma da multinacional British Petroleum no Golfo do México provocou o vazamento de quase 800 milhões de barris de óleo, gás e azeite provocando a morte ou lesão de bilhões de animais.
E mais recentemente, em 2019, em Brumadinho, no estado brasileiro de Minas Gerais, a ruptura de um dique de contenção de lixo tóxico, da multinacional mineira VALE, deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos e contaminou toda a área.
Sobram exemplos do dano que ocasiona ao homem e à biodiversidade o comportamento irresponsável das grandes empresas no mundo, que lançam mão de artimanhas legais para garantir seus benefícios e sua impunidade.