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A Argentina tem uma discordância histórica com o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas e outros territórios insulares situados no Atlântico sul, que foram ocupados em 1833 em atos de pirataria provocando um conflito armado faz 40 anos atrás.
Todavia, este não é o único caso em que interesses estrangeiros colocam em dúvida a integridade territorial da nação sul-americana. Nos últimos tempos, surgiram outros conflitos parecidos na extensa região da Patagônia.
Faz alguns dias se realizou a 6ª marcha organizada pela Fundação Interativa para Promover a Cultura da Água com o propósito de protestar contra o fechamento de todos os caminhos de acesso ao Lago Escondido, um lugar turístico e importante reserva de água doce.
Quem deu a ordem de fechar o acesso ao Lago foi o empresário britânico Joseph Lewis, considerado um dos homens mais ricos do mundo. O sujeito tinha comprado ilegalmente 12 mil hectares de terrenos na província de Rio Negro, nos quais está incluída a área do Lago.
Há denúncias de que Lewis mantém por lá um forte contingente paramilitar e recentemente construiu uma pista, onde podem pousar aviões de guerra.
Aliás, mantinha boas relações com o ex-presidente Maurício Macri, quem, em mais de uma ocasião, foi hóspede nessa propriedade e mandou arquivar as investigações contra o britânico.
O outro caso é a multinacional de origem italiana Benetton. Em conluio com o ex-presidente Carlos Menem, se apropriou de dois milhões de hectares de terras que pertencem à comunidade de indígenas mapuche, que estão travando batalha legal desde então para recuperar suas terras.
Justamente no meio dessas lutas morreu em circunstâncias não totalmente esclarecidas o jovem Santiago Maldonado, cuja morte provocou grandes protestos dentro e fora do país.
Há leis na Argentina para regular a propriedade do solo, porém, hoje em dia, 12 milhões e meio de hectares estão nas mãos de estrangeiros que representam 622 vezes a extensão da cidade autônoma de Buenos Aires.
Dessas terras, dois milhões de hectares pertencem a proprietários desconhecidos, porquanto se escondem atrás de empresas offshore criadas em paraísos fiscais.
É um problema grave que não só prejudica as comunidades indígenas, mas também abre as portas para a exploração irregular de recursos naturais estratégicos, como as florestas e a água, indispensáveis para a vida e o bem-estar da população.