Por Maria Josefina Arce
A data de realização do Censo de População e Habitação foi o pretexto escolhido pela direita da Bolívia, desta feita, para tratar de desestabilizar o governo constitucional do presidente Luis Arce. Assim reaparece o fantasma de um golpe de Estado no país sul-americano.
De novo, dirige os ataques contra o governo boliviano o atual governador do departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, um dos principais promotores do golpe de 2019 contra o então presidente Evo Morales.
O censo teria ocorrido no mês próximo, porém as autoridades decidiram adiá-lo, por problemas técnicos, para 2024. Camacho e seus apoiadores não concordam e exigem que se realize em 2023.
Arce e seu gabinete querem resolver o assunto através do diálogo, mas o governador de Santa Cruz não mostrou nenhum interesse em conversar. Em verdade, nenhuma autoridade de Santa Cruz compareceu no último dia 11 à mesa de diálogo, convocada pelo governo.
Igualmente, cortou poucas horas depois de terem começado as negociações de sábado passado, o dia em que foi deflagrada em Santa Cruz uma greve por tempo indeterminado, organizada pela oligarquia e que custou a vida de uma pessoa.
Governadores de outros departamentos, opositores a Arce inclusive, aderiram às críticas contra Camacho, acham que deseja impor seu ponto de vista regional em prejuízo do país.
Organizações sociais bolivianas consideram a greve ilegal e inconstitucional. Ademais, custa ao país 36 milhões de dólares diariamente. Denunciaram as ações de intimidação, racismo e espancamento dos grupos de choque da direita para obrigar as pessoas a aderirem à greve.
O canal estatal Bolívia TV transmitiu imagens de Tarija, Beni, Chuquisaca, La Paz e Cochabamba nas que se vê fracassarem os planos das forças afins à elite de Santa Cruz de impor bloqueios.
Chama a atenção que no meio desta tensa situação, e quando a oligarquia preparava suas ações desestabilizadoras, o governo norte-americano encaminhou ao Congresso um informe da OEA (Organização de Estados Americanos) sobre suposta fraude nas eleições de outubro de 2019, nas que foi reeleito Evo Morales.
Apesar de todas as manobras da direita, o governo do presidente Luis Arce mantém vontade de dialogar, de encontrar a solução entre todos. Nesta direção, convocou os diferentes setores a um Encontro Plurinominal, na próxima sexta-feira, para um censo com o qual estejam todos de acordo.