Havana, 17 de julho (RHC).- Cuba anunciou uma série de medidas que serão aplicadas nas próximas semanas para enfrentar as consequências da crise sanitária global e do endurecimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA, vigente há quase 60 anos.
O presidente Miguel Díaz-Canel garantiu que a nova estratégia tem o propósito de reaquecer a economia nacional e beneficiar dessa maneira a população.
“Tudo o que estamos propondo está sendo feito pelo bem comum, para melhorar em tempos de crise”, afirmou Díaz-Canel durante reunião do Conselho de Ministros para examinar o assunto. “Em meio aos desafios atuais, continuamos procurando a solução para todos”, indicou.
O mandatário condenou a postura de Washington que intensifica o cerco a Cuba em meio à pandemia para tentar asfixiar o país do ponto de vista econômico, e mencionou a perseguição financeira, as restrições ao envio de remessas do exterior, as sanções arvoradas contra os que fazem negócios com esta Ilha e outras ações de desestabilização.
Ontem, no programa de televisão “Mesa Redonda”, o vice-presidente Salvador Valdés explicou que a nova estratégia econômico-social foi aprovada nesta semana no Bureau Político do Partido Comunista, em reunião encabeçada pelo primeiro-secretário da organização política, Raúl Castro.
Disse que é preciso trabalhar com rapidez para levar à prática as medidas, e garantiu que no contexto atual nenhum cidadão ficará sem amparo. “Não vamos renunciar à soberania e independência. Vamos defender e dar continuidade à obra da Revolução”, sublinhou Valdés.
Também falou o vice-premiê e ministro de Economia e Planejamento, Alejandro Gil. “Agora estamos ante um desafio que nos une, e a batalha econômica se trava trabalhando”, apontou.
“Estamos acostumados a trabalhar com restrições financeiras, por isso é necessário conceber uma estratégia para vencer as dificuldades... Levamos quatro meses sem turismo, o que significa uma perda contínua de ingressos. Além disso, deixamos de exportar alguns produtos e noutros enfrentamos uma queda da demanda no mercado internacional”, destacou o ministro da Economia.
Indicou que as despesas do Estado aumentaram pelos gastos feitos no setor da saúde para garantir o enfrentamento à Covid-19, e também para proteger os trabalhadores afetados pela paralisação ou diminuição das atividades na produção e serviços.
O propósito é impulsionar a economia em meio ao complexo cenário atual, sublinhou Gil, e nesse rumo é preciso eliminar empecilhos e tornar mais funcional esse setor, além de erradicar problemas de caráter subjetivo e flexibilizar a comercialização.
O ministro apontou que está sendo concebido o modelo para as micro, pequenas e médias empresas em Cuba, tanto estatais quanto privadas ou mistas, facilidades de importação e exportação, incentivos para o investimento estrangeiro direto especialmente na produção de alimentos, aperfeiçoamento do trabalho por conta própria e das cooperativas, e outros aspectos.
Referiu-se à eliminação do gravame de 10% no câmbio do dólar estadunidense no país, que esteve vigente muitos anos, e explicou a necessidade de ampliar a rede de lojas em que o pagamento é feito em moeda estrangeira, como meio para arrecadar fundos necessários para importar alimentos e insumos e manter ofertas no comércio tradicional. A taxa deixará de ser aplicada a partir da segunda-feira.