Uribe continua torpedeando o processo de paz na Colômbia

Editado por Martha C. Moya
2016-10-19 13:51:11

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O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, fundador e dirigente do partido político Centro Democrático, é um dos principais adversários do processo de paz e do fim do conflito armado doméstico de mais de meio século de duração nesse país. O mencionado conflito deixou 250 mil mortos, dezenas de milhares de desaparecidos e milhões de deslocados.

O ex-chefe de Estado foi um dos propulsores do NÃO no plebiscito realizado em dois de outubro passado sobre os acordos acertados entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, conhecidas pelas siglas FARC.

No último domingo, Uribe publicou nas redes sociais uma mensagem na que reitera sua oposição ao pacto e exige modificações notáveis. Pede, por exemplo, que sejam encarcerados os líderes rebeldes e impedidos de exercer cargos públicos por eleição popular.

Segundo o político conservador, que foi um dos maiores propulsores do paramilitarismo na Colômbia, o acordo concede impunidade aos guerrilheiros, um argumento falso, por que o ponto 5 do documento assinado pelo governo e as FARC cria um sistema integral de verdade e justiça, reparação às vítimas do confronto e a garantia de que acontecimentos como estes não voltarão a ocorrer jamais.

O ex-presidente não menciona os excessos cometidos pelo exército e outros aparatos de segurança responsáveis pelas violações aos direitos humanos. O que incomoda Uribe é o nascimento de uma força legal progressista, que venha a completar o cenário político num país controlado durante longo tempo por conservadores ou liberais, donos quase absolutos do poder e representantes do grande capital.

Tanto o ex-presidente quanto seus aliados têm medo de uma verdadeira abertura democrática, como estipula o ponto número 2 dos acordos de paz.

A postura reacionária de Álvaro Uribe foi criticada até pelo diario norte-americano The New York Times. Em um editorial intitulado “O homem que bloqueia a paz na Colômbia” acusa-o de ser o maior obstáculo para o fim da guerra e assinala que se os enfrentamentos fossem retomados, ele seria o principal responsável.

Segundo o jornal, as propostas de Uribe e do Centro Democrático para modificar os acordos de paz não têm cabimento e nenhuma alternativa viável. Só objetivam impedir a realização do desejo da população que almeja a paz e a concórdia.

Independentemente de que o NÃO tenha saído vitorioso no plebiscito, resultante de numerosas variáveis, como as mentiras difundidas pelo ex-presidente e seu grupo, é evidente que tanto os colombianos quanto a comunidade internacional insistem na busca da paz com justiça, que coloque essa nação no caminho do desenvolvimento, a inclusão social e a equidade. Esse objetivo pode ser alcançado, apesar dos que querem a guerra.

(19 de outubro)



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