Divórcio complicado

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2017-06-14 12:17:32

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O processo de divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia conhecido como BREXIT se complicou para os britânicos depois de fracassar a primeira-ministra Theresa May nas eleições legislativas adiantadas, em que seu partido – Conservador – perdeu a maioria na Câmara dos Comuns, um dos corpos que compõem o Parlamento naquele país.

May anunciou em abril passado pleitos antecipados pensando em que os 20 pontos de diferença sobre seus principais rivais – os trabalhistas- seriam suficientes para consolidar seu poder e negociar a separação da União Europeia impondo duras condições a seus outrora parceiros.

Calculou mal? Infortúnio? Seja como for, May está em maus lençóis. Ficou numa posição muito fraca para negociar o BREXIT, pode perder até seu cargo, porquanto dentro de seu próprio partido há vozes que já estão pedindo sua cabeça e a indicação de uma pessoa capaz de livrar o governo.

O líder do partido Trabalhista Jeremy Corbyn pediu a demissão da primeira-ministra e que abrissem passo a um governo dirigido por ele para negociar um divórcio em termos mais macios, que mantenham o Reino Unido dentro do mercado comum europeu e os acordos fiscais e alfandegários assinados, o livre movimento de pessoas e as garantias dos trabalhadores oriundos do bloco continental, muitos dos que já começam a deixar seus postos temendo expulsão em massa.

É difícil que os conservadores permitam aos trabalhistas formarem governo, mas terão de amaciar os termos da separação após o desastre eleitoral.

Entrementes, a senhora May concentra esforços em formar novo governo em parceria com o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte, mas esta opção é delicada levando em conta que pode arriscar a paz nessa conturbada região.

Muitos irlandeses de diferentes partidos políticos rechaçam um pacto com os conservadores, mesmo se for só para aprovar leis no Parlamento, portanto os unionistas terão de pensar bem antes de dar esse passo.

Neste contexto, é compreensível a viagem da primeira-ministra a Paris para reunir-se com a nova estrela da política européia: o presidente da França Enmanuel Macron. Ambos analisaram temas espinhosos num jantar privado antes de assistir, no estádio Saint Denis, a um amistoso entre as seleções de futebol dos dois países, terça-feira à noite.

Enquanto isso, em clara demonstração de força, o porta-voz da União Européia Alexander Winterstein disse estar pronto para iniciar imediatamente as negociações do BREXIT nesta mesma semana se for preciso. “Estamos preparados, mais do que preparados”, disse o funcionário, para pressionar seus antigos parceiros do outro lado do Canal da Mancha.

A senhora May estava bem, mas quis melhorar sua posição. Talvez se tivesse meditado teria evitado esta embaraçosa situação para a Grã-Bretanha.


 


 



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