Colômbia: no caminho da paz

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2017-09-07 15:37:58

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O papa Francisco iniciou na quarta-feira visita à Colômbia e encontrou um país que tinha dado um passo a mais no caminho da paz, depois de o governo do presidente Juan Manuel Santos e o insurgente Exército de Libertação Nacional – ELN – terem acertado cessar-fogo pelo prazo de quatro meses e que pode se prolongar na medida em que avancem as negociações.

O papa visita quatro cidades importantes nesse país sul-americano de 48 milhões de habitantes, a maioria católica, que inclui Bogotá, a capital, Villavicencio, Medellin e Cartagena.

Fontes do Vaticano confirmaram que o papa não se reunirá com líderes do ora partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum – FARC – que inicia sua vida civil após meio século de luta guerrilheira, e também não conversará com representantes do ELN.

A razão, explicam, é que pretende dar mensagem global de reconciliação numa sociedade fragmentada pelos efeitos da guerra, que deixou mais de sete milhões e meio de vítimas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.

Mostra destas profundas fraturas é que grupos católicos ultra conservadores, formados principalmente por setores abastados da população, rechaçam a visita de Francisco e suas chamadas à paz total na Colômbia, do mesmo modo que objetaram os acordos assinados com os rebeldes.

De qualquer maneira, a Igreja Católica está ligada a este processo e prova disso é que fará parte de uma comissão que verificará o cessar-fogo entre o governo e o ELN, uma organização, que, por sinal, tem parte de suas raízes na teologia da libertação.

Fundado em 1964 por estudantes e sindicalistas colombianos, o Exército de Libertação Nacional recebeu entre suas fileiras no ano seguinte Camilo Torres e, pouco depois, outros três religiosos influenciados por essa corrente teológica católica, entre eles Manuel Pérez, que, mais tarde, foi comandante em chefe do grupo até sua morte em 1998.

Torres se tornou figura influente entre a juventude latino-americana depois de sua morte em combate em 1966. Hoje, ainda se espera que possam ser recuperados seus restos mortais que jazem em algum lugar da selva colombiana.

O chefe negociador do ELN em Quito, sede das conversações com o governo de Santos, o comandante Pablo Beltrán, admitiu que a visita do papa Francisco teve influência positiva no nascimento do acordo de cessar-fogo.

Explicou que os membros dessa guerrilha estão comprometidos com o avanço do processo, como uma modesta contribuição para a paz, não só na Colômbia, mas também em todo o continente.

Há muito caminho pela frente, mas foi dado outro passo numa boa direção graças à vontade das duas partes e o acompanhamento da comunidade internacional, o que demonstra nestes tempos convulsos, que quando há vontade se pode aliviar os sofrimentos da guerra e avançar rumo à reconciliação.(Guillermo Alvarado)

 

 



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