África enfrenta aquecimento global

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2017-10-24 10:19:34

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As neves do Kilimanjaru, montanha africana formada por três vulcões e imortalizada pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway, tiveram uma redução de 82% nas últimas décadas. O problema é que a África talvez seja o continente mais vulnerável às mudanças climáticas, segundo apontam as pesquisas sobre o assunto.

Apesar de gerar apenas 3% das emissões de gases de efeito estufa, essa região do planeta já está sentindo com força o fenômeno.

Desde o começo de 2016, sofre a maior seca jamais registrada, uma situação que vem se repetindo ano após ano e que coloca em risco os meios de subsistência de uma grande maioria da população. Diga-se agricultura, pecuária e pesca.

A FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, advertiu que milhões de habitantes do chamado Chifre da África enfrentam uma escassez de alimentos. Especialistas da ONU prognosticam que o rendimento agrícola em alguns países africanos pode diminuir à metade até 2020.

Informe do escritório regional para as mudanças climáticas na África aponta que hoje 240 milhões de pessoas estão passando fome. Um aumento de 1,2 a 1,9 graus centígrados na temperatura até 2050 seria suficiente para que o número número de desnutridos cresça de 25 a 95%.

Diante desta situação, várias nações do continente estão fazendo um esforço conjunto para plantar milhões de árvores ao redor do deserto do Saara, tentando assim frear o impacto ambiental. O projeto, iniciado há dez anos em 14 países, começa a ver resultados, sobretudo nos mais vulneráveis do ponto de vista ecológico, como o Senegal.

A iniciativa aproveita a resistência das acácias à seca e a sombra de sua folhagem, que permite poupar água na produção agrícola. O objetivo é duplo: reduzir os efeitos das mudanças climáticas e ao mesmo tempo evitar a desertificação do solo, do qual depende a sobrevivência de milhões de famílias africanas.

A grande muralha verde terá 8.000 quilômetros de extensão e 15 de largura. Especialistas acreditam que propiciará a recuperação de poços d'água e freará o avanço das terras inférteis, que obrigam à migração de grandes massas pela falta de alimentos.

A África não pode esperar. Devemos lembrar que 36 dos 50 países mais afetados pelo aquecimento global estão nesse continente. (M.J. Arce, 23 de outubro)



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