Eleições no Chile: A direita no poder de novo?

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2017-11-15 10:37:53

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Foto:Archivo

Por Maria Josefina Arce

Poucas surpresas deparam as eleições no Chile, a se realizarem neste domingo. Há meses que a direita é favorita nas pesquisas de opinião. A incógnita parece ser abstenção, que provavelmente será elevada se levarmos em conta que nos pleitos municipais do ano passado foi de 65 por cento.

Oito candidatos vão competir pela cadeira presidencial ocupada atualmente por Michelle Bachelet. Nos pleitos de domingo, 19 de novembro, também serão eleitos 23 senadores, de um total de 50 cadeiras no Senado, assim como 155 deputados e 278 vereadores.

É muito provável que o desinteresse do eleitorado chileno leve o candidato pelo Partido Chile Vamos, o ex-presidente direitista e multimilionário Sebastián Piñera a ganhar os pleitos no primeiro turno. O segundo e terceiro lugares poderiam ser ocupados por Alejandro Guillier, da coalizão governista de centro esquerda Nueva Mayoría e a jornalista Beatriz Sánchez da esquerdista Frente Ampla.

A verdade é que a direita, que deseja voltar ao Palácio de la Moneda, se congregou em volta de Piñera, a esperança dos grandes empresários num país que não conseguiu se livrar do legado da ditadura militar de Augusto Pinochet.

Os partidos de centro esquerda, por sua vez, dividiram as forças ao apresentarem vários candidatos dando luz verde, assim, à direita chilena para retornar ao poder.

Piñera já governou o Chile de 2010 a 2014, num período marcado pelo despertar de movimentos sociais, principalmente estudantil. Durante longos meses, os jovens de todos os níveis de ensino, especialmente universitários, mantiveram o governo contra a parede em demanda de uma reforma educacional que deitasse por terra o sistema elitista herdado dos tristes tempos da ditadura militar.

Seu mandato é recordado pela repressão contra os protestos estudantis e operários e a aplicação da denominada Lei antiterrorista, dos tempos de Pinochet, contra o povo mapuche, despojado de seus direitos ancestrais.

As políticas aplicadas por Piñera deram continuidade ao modelo neoliberal. Não foi um período de reformas estruturais, nem programas sociais para tornar o modelo econômico mais equitativo, menos desigual e mais equilibrado livrando-se de um período escuro da história chilena, que deixou milhares de mortos e desaparecidos.

De resto, em sua campanha eleitoral prometeu apagar quase todas as reformas de Bachelet. Entre elas as de educação, trabalhistas e até a lei de aborto terapêutico.

Para os observadores, a apatia caracteriza o ambiente pré-eleitoral; estimam que os chilenos não confiam em seu sistema institucional, regido pela Constituição Política legada pelo ditador e um sistema econômico que gera enormes desigualdades.

Embora as pesquisas de opinião privilegiem Piñera, é imprevisível o que possa se passar neste domingo por conta da elevada abstenção prevista, o que levaria talvez a um segundo turno em dezembro.

 

 



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