Por Guillermo Alvarado
Dentro e fora da Argentina crescem a rejeição e o descontentamento com o governo do presidente Maurício Macri, que realiza uma verdadeira caçada aos dirigentes sociais, sindicalistas e jornalistas comprometidos em divulgar a verdade.
No fim da semana passada, publicou-se um abaixo-assinado em que estamparam seus nomes centenas de personalidades da região e da Europa, entre eles sete ex-presidentes latino-americanos: Rafael Correa do Equador; Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do Brasil; José Mujica, do Uruguai. Ernesto Samper, da Colômbia; Fernando Lugo, do Paraguai e José Manuel Zelaya, de Honduras.
O documento, denuncia a perseguição de que está sendo alvo o editor do jornal Página 12, Victor Santa María, que leva tempo sendo incomodado pela polícia e a justiça.
O abaixo-assinado condena as operações midiáticas dos grandes consórcios de comunicação, afins ao executivo de Macri, cujo objetivo é silenciar as vozes críticas, e criar confusão e desconfiança entre a sociedade com relação aos que questionam as políticas neoliberais que estão de volta em inúmeros países do continente.
Assinala que a perseguição política, judiciária e midiática atinge jornalistas, dirigentes sociais e sindicais e qualquer um que não se alinhe com os interesses governamentais.
Uma situação particularmente tensa prevalece nestes dias na região mineira de Santa Cruz, na Patagônia, onde 200 trabalhadores de Yacimientos Carboníferos Fiscales foram dispensados e há outros 500 na lista dos que provavelmente perderão seus empregos, o que deu lugar a protestos reprimidos com violência pela polícia.
A questionada ministra de Segurança Patrícia Bullrich anunciou ações conjuntas em toda a Patagônia e ordenou à polícia que não pedisse autorização e nenhum juiz para agir contra os manifestantes, em aberta violação da Constituição argentina.
Recordemos que em meados de dezembro passado ocorreu a mais cruel repressão policial em Buenos Aires desde os tempos da ditadura, quando grupos de manifestantes, entre eles deputados da oposição e jornalistas, foram espancados brutalmente.
Macri também não respondeu aos familiares da tripulação do submarino San Juan sobre a natureza exata e as causas de seu sumiço. As reclamações endurecem à medida que aparecem documentos que colocam em dúvida o bom estado da nave quando foi enviada para a região sul do Atlântico.
Ninguém falou por quê não se pediu autorização ao Congresso, como reza a Constituição, para realizar nessa região exercícios militares com tropas dos Estados Unidos, Reino Unido e Chile.
O presidente, que tinha prometido mudanças aos argentinos, está dividindo cada vez mais a sociedade e a pergunta que paira no ar é se chegará a completar seu mandato.