Governo mexicano se despede em meio à violência

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-08-09 11:20:59

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Por:Guillermo Alvarado

Os últimos meses do governo do presidente mexicano Enrique Peña Nieto decorrem do mesmo jeito que o resto de sua gestão: em meio à uma violência irracional que causa, todos os dias, novas vítimas em qualquer canto do território nacional, sem que haja sinal de acabar verdadeiramente com esta situação.

Peña Nieto entregará, em 1o de dezembro, ao seu sucessor, Andrés Manuel Lopez Obrador, um país dessangrado, de luto e amedrontado, bem distante do “México seguro” que prometeu aos mexicanos.

Divide essa responsabilidade com Felipe Calderón, que, em 2006, aceitou o projeto norte-americano de transformar sua nação em muro de contenção das máfias de traficantes de drogas e outras formas do crime organizado antes de cruzarem a fronteira comum.

De lá pra cá, informações oficiais contam 200 mil assassinatos e 30 mil desaparecidos, e as atividades dos carteis da droga não diminuíram. Quando muito, as autoridades conseguiram prender ou matar alguns chefes, mas estes são rapidamente substituídos.

Até agora, 2017 foi o pior ano: houve 28.711 assassinatos, o número mais alto desde que começaram os registros fiáveis em nível nacional. Os dados não revelam quantas mortes guardam relação direta com o crime organizado, porém organizações não governamentais garantem que a maioria dos assassinatos são cometidos pelos narcotraficantes.

Como podemos ver, 2018 não vai por melhor caminho, prova disso é que nos primeiros seis meses do ano se cometeram no México 15.973 crimes, muito mais do que no mesmo período do ano passado.

A falta de segurança é visível em cidades como Acapulco, Guadalajara, Guanajuato, Culiacán, Tijuana ou Cidade do México, e entre as vítimas da violência há jornalistas.

Nos primeiros meses deste ano, 10 jornalistas foram assassinados no México. A vítima mais recente é o fotorrepórter Rodolfo Garcia, morto a tiros no meio da rua em Guanajuato, no fim da semana passada.

Há alguns crimes que, dado seu impacto, ficarão marcados na história do governo de Peña Nieto. Em primeiro lugar, o caso dos 43 estudantes de uma escola normal do município de Ayotzinapa, no estado de Guerrero que sumiram e nunca mais se soube deles.

Falta pouco mais de um mês para que esse trágico acontecimento complete quatro anos, e os familiares das vítimas não receberam informação fidedigna até hoje do que se passou com seus filhos, onde estão seus corpos sem vida.

Hoje, a esperança da população está depositada nos programas oferecidos pelo presidente eleito, Lopez Obrador, que prometeu que a luta contra a violência será uma das prioridades de seu governo.

Provavelmente, o novo governo será julgado pelo que fizer nesse sentido, porque no meios de tantos assuntos urgentes, a vida e a segurança são as principais aspirações da sociedade mexicana.



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