Povos indígenas: despojados e humilhados

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-08-10 12:08:06

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Foto:Archivo.

Por Guillermo Alvarado

O rosto mais sombrio das políticas de saque e despojo dos sistemas colonialista e capitalista pode ser visto nas mais de cinco mil comunidades e povos indígenas que existem em 90 países, cujo denominador comum é a pobreza, a vulnerabilidade e a discriminação.

Estamos falando em 370 milhões de pessoas que mantêm e praticam formas singulares de cultura, como seu idioma, sua organização social e o modo em que se relacionam entre si e com o seu meio natural. Todavia, sofrem uma enorme pressão para que abandonem sua maneira de viver e entreguem suas terras e riquezas a voracidade de modelos irracionais de produção e consumo.

Embora não representem mais de cinco por cento da população total do planeta, aparecem entre os 15 por cento dos mais pobres e marginalizados, uma realidade que, salvo exceções, se pode ver todos os dias na maioria de nações em Nossa América, onde até faz pouco mais de meio milênio atrás viveram civilizações que são admiradas, hoje, pelos seus pensamentos profundos e desenvolvimento.

Para chamar a atenção sobre os problemas destas comunidades, a Organização das Nações Unidas instituiu 9 de agosto como o Dia Internacional dos Povos Indígenas, um esforço louvável, mas infelizmente inútil, por enquanto, no empenho de melhorar sua qualidade de vida e garantir o exercício de seus direitos, a defesa de suas terras e de seus recursos naturais, cobiçados por empresários e multinacionais.

Um exemplo paradigmático acontece na Guatemala, onde, segundo informações oficiais, os indígenas constituem uma fatia de 40 por cento da população, mas, em verdade, são 60 de 100 habitantes e a imensa maioria vive na pobreza ou na extrema pobreza.

É verdade que há leis que os protegem - tem até um capítulo completo dos Acordos de Paz que puseram fim ao conflito armado interno de 36 anos de duração dedicado ao tema - mas, na prática são letra-morta.

O recente sequestro, tortura e assassinato de Juana Raimundo, 25 anos, ativista dos direitos humanos entre a população civil, assim como o assassinato, neste anos, de 13 líderes indígenas e a criminação de outros 76, acusados e presos por delitos inexistentes, mostram progresso zero no tema.

Outro país em que os povos originários e afro-descendentes são muito vulneráveis é a Colômbia: desde a assinatura em 2016 do que chamam paz, grupos armados mataram 65 dirigentes indígenas.

Apesar da indiferença e o silêncio dos grandes meios de comunicação, vazam notícias da brutal repressão praticada contra o povo mapuche na Argentina e no Chile, onde defender suas terras ancestrais e costumes virou crime que, às vezes, se paga com a vida.

É bom que haja um Dia Internacional dos Povos Indígenas, ou que 2019 tenha sido proclamado Ano Internacional das Línguas Indígenas, mas seria melhor se isto produzisse ações concretas em favor destas comunidades e que, um dia, como sonhara José Marti, o índio se levante e América comece caminhar.



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