As vítimas inocentes da política migratória de Donald Trump

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-08-22 10:47:27

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Foto: Archivo.

Por: Maria Josefina Arce

As crianças migrantes que foram separadas de seus pais nos Estados Unidos permanecem atrás das grades, são vítimas de maus tratos e obrigadas a beber água putrefacta devido à desumana política anti-imigração implementada pelo presidente Donald Trump.

A vivência dos menores nos centros de detenção norte-americanos é uma verdadeiro suplício. Em junho passado, organizações sociais incluíram depoimentos atrozes e chocantes de 200 crianças numa queixa contra o governo encaminhada a um tribunal da Califórnia.

Peter Schey, advogado do Centro de Direitos Humanos e Lei Constitucional, uma das organizações demandantes, mencionado pelo jornal El País, detalhou que as crianças choravam e tremiam, estavam famintas, sedentas, doentes e aterrorizadas.

Recente relatório do UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância – adverte sobre as sequelas e traumas que permanecerão nas crianças migrantes detidas e separadas de suas famílias.

O documento realça que o sofrimento das crianças detidas pelas autoridades norte-americanas e separadas de suas famílias pode ter efeito negativo em seu desenvolvimento, e que ao serem deportadas a seus países de origem muitas viverão em ambiente de pobreza e violência.

Segundo a diretora regional do UNICEF para América Latina e o Caribe, Maria Cristina Perceval, os menores que são enviados aos seus países de origem muitas vezes não têm aonde ir, não tem lar, terminam endividados ou são engolidos pelas quadrilhas, o que os obriga a emigrarem de novo.

O crescente repúdio dentro e fora dos Estados Unidos fez com que o presidente Donald Trum derrogasse, em 20 de junho passado, a política de separação de famílias, que tinha começado em abril e implicava a detenção de qualquer adulto que entrasse ilegalmente em território norte-americano, e a separação de seus filhos.

Duas mil e 600 famílias foram separadas pela política de tolerância zero que tinha implementado o governo norte-americano, qualificada de inadmissível e cruel pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

“É inadmissível que um país abuse de crianças para dissuadir os pais”, afirmou Zeid Raad Al Hussein, na abertura de uma sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, no mês de junho passado.

Há mais de 500 crianças, dentre elas 24 menores de cinco anos, que continuam separadas de seus pais e cujo futuro é incerto, porquanto em muitos casos a informação sobre seus progenitores não foi atualizada e, em outros, os pais já foram deportados.

A experiência vivida nestes meses pelas crianças separadas de seus pais pelo governo de Trump é dramática. Tal situação provocou indignação na sociedade norte-americana e no mundo, mas não surpreende, coisas parecidas ocorreram nesse país que se diz defensor dos direitos humanos.

Estados Unidos – recorda o jornal El Comércio - tem uma longa história no quesito de dividir famílias, prender menores de idade ou permitir que outros façam isso, isto vem acontecendo desde o tempo da escravidão.

Esta prática parece ter mudado pouco ao longo dos séculos prejudicando especialmente as crianças que veem comprometido seu presente e futuro.



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