O número de líderes sociais assassinados na Colômbia continua subindo

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-10-24 11:57:32

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Por Maria Josefina Arce

Colômbia finalizará 2019 com elevado número de dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados. Nas últimas horas, morreu o professor indígena José Domingo Ulcué Collazos elevando a 173 o número de vítimas no país latino-americano, neste ano.

Espanta a notícia sobre a morte de nada mais e nada menos do que 478 líderes assassinados desde que se assinaram os acordos de paz em 2016 entre o governo do então presidente Juan Manuel Santos e a outrora guerrilheira Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, hoje transformada em partido político.

É verdade que o governo de Santos tinha condenado os ataques, porém não deu resposta efetiva para proteger a vida das vítimas. A Procuradoria, por sua vez, admitiu que tinha dificuldades para investigar as ameaças contra os líderes sociais.

A situação chegou a tal extremo que, em meados do ano, a própria Organização das Nações Unidas assinalou que o endurecimento da violência não permite construir uma paz estável e duradoura, e exortou o então governo de Juan Manuel Santos a reforçar as medidas de prevenção, proteção e investigação, a fim de garantir o direito à vida dos colombianos em todo o país.

Acontece que Juan Manuel Santos já não é presidente da Colômbia. Desde agosto passado, o novo chefe de Estado colombiano se chama Ivan Duque, vencedor das eleições gerais de junho passado.

E a situação continua na mesma. Não cessam as ameaças e os assassinatos dos que exercem um trabalho local na defesa dos direitos humanos, alguns como protetores da água e do meio ambiente, e outros, como garantes da restituição de terras aos deslocados pelo conflito armado de mais de meio século de duração.

O Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo revela que mais de 20 ativistas comunitários foram assassinados desde que Duque assumiu a presidência.

Ao ser eleito, Duque afirmou que como presidente trabalharia pela proteção de todos os líderes sociais e políticos e para que os responsáveis desses delitos fossem levados aos tribunais e castigados de maneira exemplar.

O Coletivo de Advogados responsabiliza o presidente Duque por não ter dado resposta a esta problemática social, nem apresentado um plano de garantia para proteger os líderes sociais, defensores dos direitos ou membros do grêmio camponês e étnico.

Os assassinatos são mais frequentes nos departamentos de Antioquia, Norte de Santander, Nariño e Chocó. Nesse lugares atuam grupos armados que ainda permanecem impunes, ou são invisibilizados pelas autoridades colombianas.

A violência reina nas zonas rurais da Colômbia, onde deveriam ser implementados projetos de paz, que conduzissem ao desenvolvimento desses lugares devastados por mais de 50 anos de conflito armado.

Com efeito, a paz não chegou a esses territórios e o mais preocupante – como assinala a ONG Somos Defensores - é que a maioria dos assassinados trabalhava na implementação de algum artigo do acordo de uma paz tão necessária para uma sociedade desgastada por décadas de guerra.



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