A caravana das incógnitas

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-11-19 11:14:41

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Por: Guillermo Alvarado

As autoridades mexicanas estimam que, nos próximos dias, de nove a dez mil migrantes se concentrarão na cidade de Tijuana, na fronteira dos Estados Unidos. Esta mobilização em massa de centro-americanos chama muito a atenção e desperta inúmeros comentários e incógnitas.

Não se sabe quem foram os organizadores, nem os patrocinadores, nem os pormenores de que como surgiu aquela ideia, que levou milhares de hondurenhos a saírem de seu país, atravessarem a Guatemala e se embrenharem em território mexicano a procura da fronteira com os Estados Unidos.

Logo aderiram salvadorenhos e guatemaltecos. Acontecimentos assim só foram vistos antes no norte da África, leste da Europa e na Ásia.

Inúmeras são as reações, especialmente aquelas espontâneas dos moradores locais que oferecem água, alimentos e atenções aos viajantes, muitos dos quais levam crianças de colo consigo. Este detalhe chamou a atenção. De um lado, pelo elevado risco que implica. Do outro, mostra o desespero dessa gente em busca de um futuro melhor que lhes é negado em seu lugar de origem.

Independentemente dos critérios a respeito do que há por trás de tudo isto, não se pode perder de vista que existe um denominador comum entre as pessoas que empreenderam a marcha: a pobreza reinante em seu país natal, onde passam fome, sofrem de doenças e são marginalizadas.

O chamado “Triângulo norte e centro-americano” composto por Honduras, El Salvador e Guatemala é a região que exibe as maiores desigualdades de nosso continente. Lá convivem a opulência insultante e a miséria total dos desamparados.

Este tem sido o motor que propulsou ao longo de décadas milhões de pessoas a fugirem desse inferno para viver “no paraíso capitalista” alguns legalmente e outros brincando de esconder com as autoridades para manter as rendas que lhes permitam mandar um dinheirinho a seus pais, mulheres ou filhos.

Neste caso, a novidade é a migração em massa. A ferrovia mexicana que chega até a fronteira da Guatemala leva anos transportando sobre seus vagões migrantes que vão atrás de um sonho, que alguns pagam com a vida no acidentado trajeto.

A migração é algo que acompanhou a espécie humana desde os alvores da história. Só varia o motivo, a razão que leva os homens a mudarem sua vida de um lugar a outro.

Porém, quando aparece brutal, como agora, gera reações e oferece espetáculos degradantes, como o show do prefeito de Tijuana, Juan Manuel Gastélum, do direitista Partido Ação Nacional, que falou que os migrantes eram uma quadrilha de vadios e maconheiros.

Estamos diante de uma crise migratória que envolve América Central, México e Estados Unidos e cujo desfecho continua sendo um mistério, mas certamente nos mostrará o melhor e o pior de nossa espécie. Vamos ver.



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