O México que deixa Enrique Peña Nieto

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-11-30 11:49:46

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Por Guillermo Alvarado

Neste primeiro de dezembro assume a presidência do México Manuel López Obrador, um político progressista que não pertence a nenhum dos grandes partidos tradicionais.

É uma nação rica em recursos naturais, com um território que abriga solos e climas de todos os tipos, muita água e uma população esforçada, trabalhadora e generosa, que acolheu durante muitos anos centenas de milhares de latino-americanos e europeus necessitados de refúgio e afeto.

Nas últimas décadas, contudo, tiveram efeito devastador nesse povo a decomposição política e moral de suas autoridades, a repressão contra os movimentos sociais e a entrada do crime organizado nas estruturas do Estado.

O período que finaliza Enrique Peña Nieto é uma espécie de resumo destas calamidades e assim demonstram diferentes dados e pesquisas de organismos oficiais.

Quase 130 mil mortos em consequência da violência em seis anos revela como todos os aparatos de segurança e justiça foram ultrapassados, ou, em boa medida, foram cúmplices em alguns casos graves, como o dos 43 estudantes de uma escola normal do município de Ayotzinapa, que sumiram em confuso incidente nos arredores da cidade de Iguala, do estado de Guerrero.

O relatório publicado pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos denuncia que autoridades municipais, estaduais e federais foram informadas no instante em que o sequestro estava sendo preparado, mas nada fizeram para impedi-lo.

Um crime da magnitude do acontecido em Iguala nos dias 26 e 27 de setembro de 2014 se comete porque a delinquência organizada conseguiu penetrar as estruturas dos três níveis de governo, afirma o texto.

“É um caso abominável que virou exemplo da decomposição institucional e social que enfrenta nosso país, bem como do momento crítico que atravessa em termos de violência, insegurança, corrupção e impunidade”, sublinhou o Procurador dos Direitos Humanos, Luis Raúl González Pérez.

No aspecto econômico, apesar das apreciações otimistas de Peña Nieto quanto a um crescimento sustentado de 1,5 por cento do Produto Interno Bruto, esta riqueza só ajudou a piorar as desigualdades, segundo especialistas da ONG Fundar.

Se o México tivesse apenas cem habitantes, dez deles seriam donos de 80 por cento do dinheiro, afirmou a entidade recordando que após a reforma fiscal de 2014, os mais ricos pagam menos impostos e os mais pobres têm menos dinheiro. O investimento social despencou e a dívida externa subiu 41 por cento.

Esta é a pesada herança que recebe López Obrador de Enrique Peña Nieto. Falaremos em próximo comentário nas estratégias que propõe o novo presidente para começar a remediar a bagunça, que certamente não se endireitará em seis anos.



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