A extrema-direita mundial está com Macri

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2019-10-01 07:59:10

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G. Alvarado

Afundado nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 27 de outubro na Argentina e em meio a uma profunda crise econômica, Maurício Macri começou a receber respiração artificial da extrema-direita financeira mundial, o que não sempre pode ser visto como um favor.

Desta feita, o apoio veio de uma figura polêmica, bastante conhecida nos meios políticos argentinos e cujo nome está por trás da onda neoliberal que empobreceu boa parte da população em nossa região.

Estamos falando em Anne Osborne Krueger, acadêmica norte-americana, ex-economista chefe do Banco Mundial e ex-diretora gerente do FMI - Fundo Monetário Internacional. Ela foi a primeira mulher que ocupou esse cargo, antes da francesa Christine Lagarde.

No aspecto ideológico, diz pertencer à direita da direita e como funcionária se considera implacável.

Pois bem, esta senhora de 84 anos, investigadora da universidade John Hopkins, que teve a ver com a crise argentina de 2001, aquela que conduziu à fuga do então presidente Fernando de La Rúa, defendeu as políticas neoliberais de Macri e disse que deveriam ter sido muito mais profundas para resolver – segundo ela – os graves problemas do país.

Krueger falou que a crise argentina exige a continuidade das medidas fiscais, monetárias e cambiais delineadas no programa do FMI. O país – realçou – precisa de reformas estruturais. Em primeiro lugar, necessita reduzir o tamanho do setor público, começando pelo sistema de previdência social.

Nem mais, nem menos o que tinha feito Macri em seus primeiros anos de governo, quando acabou com os subsídios destinados aos serviços básicos de transporte, luz, saúde, água e educação e eliminou dezenas de milhares de vagas na administração pública.

Quando o governo neoliberal argentino, atormentado pela crise cambial, recorreu ao FMI para pedir um enorme empréstimo, Krueger apoiou Macri e disse ter certeza de que assim se garantiria a permanência de capitais estrangeiros no país. Além disso, o Fundo Monetário Internacional poderia aconselhar as políticas apropriadas para melhorar as perspectivas econômicas, o que obviamente levou ao fracasso.

A economista conservadora norte-americana se atreveu a proferir ameaças contra um eventual novo governo, ao assegurar que a “Argentina precisa de cuidados intensivos”. Os candidatos presidenciais se devem comprometer – disse – com a implementação de reformas sérias, ou o médico pode decidir desligar os aparelhos.

Talvez seria bom recordar a esta senhora que a questão não é que o FMI “desligue” a economia da Argentina, pelo contrário, se trata de que o futuro governo seja capaz de “desligar” o Fundo e tirá-lo do país como fizera o ex-presidente Nestor Kirchner. Com certeza muitos ainda sem lembram daquela lição bem-sucedida.



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