Entre a fronteira e o coronavírus

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-03-22 19:46:19

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Por Guillermo Alvarado

Milhares de mexicanos e centro-americanos estão encalhados na fronteira sul dos EUA com a tênue esperança de atravessar legalmente a linha divisória, mas agora paira sobre eles, também, a ameaça do coronavírus, que provocará uma tragédia humana se aparecer por lá.

Muitos foram chegando pouco a pouco e outros são remanescentes das caravanas iniciadas em outubro de 2019.

Vale recordar que o governo Trump acabou com seus sonhos. Os que conseguiram entrar em território norte-americano foram internados em prisões migratórias e separados de seus filhos, e a maioria foi obrigada a aturar o programa “Permanecer no México” enquanto seu pedido de asilo está sendo estudado.

Devido à pandemia do coronavírus, as audiências foram suspensas, por enquanto, até o mês de abril. A espera vira suplício para os que vivem em condições precárias em acampamentos insalubres, refúgios lotados, ou simplesmente nas ruas.

Se o vírus atacá-los nestas condições, o resultado será terrível, a não ser que as autoridades mexicanas façam alguma coisa para salvá-los. Por enquanto, o assunto não está sendo cogitado pelo governo federal.

Dos Estados Unidos não podem esperar absolutamente nada.

Aqueles que estão do outro lado não estão passando melhor. A vida numa prisão é o pior cenário em tempos de pandemia, porque se forem flagrados pela doença simplesmente não terão aonde ir.

O ativista Juan José Gutierrez, da Coalizão Direitos Plenos para os Imigrantes, disse ao jornal mexicano La Jornada que é preciso declarar já a moratória das detenções, encarceramentos e deportações de migrantes mexicanos ou da América Central.

As cadeias municipais, estaduais ou federais – comentou Gutierrez - se transformaram numa incubadora da reprodução do vírus.

Se até agora o governo de Donald Trump não conseguiu implementar um plano para saber quantos norte-americanos estão contagiados com o coronavírus no país, é impensável que dê prioridade aos migrantes, que ele tanto despreza.

Certamente, vai continuar a política de deportações para o outro lado da fronteira com o México, uma vez que a Guatemala anunciou que não vai receber mais aviões com repatriados a partir dos Estados Unidos.

Estamos no limiar do que poderia se tornar um episódio vergonhoso no meio da tragédia global que esta pandemia significa. Para a Organização Mundial da Saúde, a pandemia será definitiva para nossos dias, porque as pessoas estão vendo quem é quem, conforme for seu comportamento com relação aos demais.

 



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