Um mundo ao avesso

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-04-03 11:34:17

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Por Guillermo Alvarado

O impacto brutal que a pandemia da Covid-19 tem nestas semanas na Europa, Estados Unidos e noutros países do chamado “Primeiro Mundo” se mede em como, em apenas alguns meses, surgem lá cenas reservadas ao outro extremo da balança, onde estão as nações  pobres.

O panorama na Espanha e na Itália é dantesco, seus hospitais, necrotérios e cemitérios estão desbordados e ninguém sabe ao certo quando vai começar a baixar a curva de infectados e mortos.

Como nos piores momentos da guerra, os médicos devem decidir qual paciente tem maiores possibilidades de sobreviver e deixar de lado os que não têm chances. Sem dúvida, é uma realidade dolorosa, que deixará marcas permanentes na sociedade.

Igual que ocorre em países vizinhos, a magnitude da pandemia mostrou dois problemas ate agora inexistentes nesse continente.

Um deles é a falta de profissionais da saúde, e o outro é a falta de medicamentos, equipamentos e outros insumos para enfrentar a contingência.

Em outras palavras, não se trata apenas de vagas nos hospitais, muitos de campanha ou improvisados em hotéis e noutros lugares, e sim de quem vai atender os doentes e como curá-los.

Médicos aposentados, estudantes de medicina, e pessoas com experiência em primeiros auxílios estão sendo convocados para se unirem ao pessoal que não está agüentando mais, ou foi contagiado pela doença.

Na França, que teria tomado todas as precauções necessárias, o sistema de saúde está a ponto de colapsar. Rémi Salomón, representante da comunidade médica de terapia intensiva, disse que neste momento estão sendo consumidos dez ou vinte vezes mais certos medicamentos que em tempos normais e daqui a pouco não vai ter.

A situação é parecida nos Estados Unidos, onde se espera um colapso nas próximas duas semanas.

Neste mundo ao avesso, os habitualmente considerados “maus” são os que estão ajudando agora a salvar seus semelhantes. China, Cuba e Rússia estão mandando profissionais da saúde, equipamentos e insumos a um primeiro mundo superado pela tragédia.

Até um ególatra contumaz como Donald Trump teve de engolir em seco e agradecer a Moscou uma ajuda com insumos necessários para enfrentar a pior crise que vive os Estados Unidos nos últimos tempos.

Tomara que o planeta não tenha memória de quinzena e quando acabar o perigo lembre como, durante algumas semanas, a ordem das coisas se inverteu e ficou provado que o pequeno também conta.

 

 



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