Por Guillermo Alvarado

Se bem que África esteve entre os menos afetados pela pandemia da Covid-19, uma brusca subida de casos nos últimos dias preocupa diferentes organismos devido às condições de pobreza e abandono de muitos países nesse continente.

No chamado berço de nossa espécie há mais de 700 mil contagiados e uns 16 mil mortos. Porém, o mais grave é que esses números enganam porque em muitos lugares não há condições verdadeiras para realizar registros corretos. A falta de uma infraestrutura sanitária apropriada faz com que muitos morram em suas casas sem saber que padeceram da Covid-19.

Isso mostra, ao mesmo tempo, que a circulação do vírus está bem longe de ser controlada e que nas próximas semanas ou meses poderia ocorrer uma explosão de casos em um dos lugares mais vulneráveis do planeta.

Assim manifestou a Organização Mundial da Saúde OMS por meio de seu diretor de emergências Michael Ryan, que fez chamada à solidariedade internacional para evitar uma tragédia de enormes proporções.

Segundo o funcionário, o que está se passando na África do Sul poderia ser precursor do que vai acontecer no resto do continente. Na pátria de Nelson Mandela há 374 mil contágios confirmados e os números estão subindo em média mais de 9.000 ao dia.

Nigéria, Egito, Quênia, Etiópia, Madagascar, Zâmbia e Namíbia também estão muito afetados pela pandemia, cujo epicentro atualmente está no continente americano, porém poderia saltar o oceano Atlântico.

A preocupação é muita com relação a vários povos na África Subsaariana, submetidos a conflitos domésticos, ocupação militar, pouco desenvolvimento e péssimos serviços públicos.

A fome, a pobreza e baixa qualidade de vida de dezenas de milhares de seres humanos amontoados em acampamentos improvisados já estão cobrando um preço muito elevado e existe o risco de que a Covid-19 seja mais um desses flagelos.

O problema não é apenas tomar medidas apropriadas para conter essa doença, a questão é que as autoridades mesmo querendo ser diligentes carecem dos recursos necessários para sua implementação.

Seria, portanto, o momento apropriado para que alguns países, que foram potências coloniais na África, paguem sua dívida com um continente que foi saqueado e, hoje, sofre as consequências.