Peruanas em risco

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-07-31 12:19:33

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Por Guillermo Alvarado

Em meio à avalanche de notícias provocadas pela pandemia da Covid-19 há uma que chama a atenção pelo seu impacto social: aumenta o sumiço de mulheres no Peru.

De acordo com a Defensoria do Povo, a quarentena estabelecida pelas autoridades para conter o contágio da doença fez com que sumissem mais e mais mulheres de suas casas.

Nos três meses e meio de medidas restritivas  915 peruanas – 75 por cento delas menores de idade – foram registradas como desaparecidas, uma subida de número com relação ao período precedente.

Walter Gutiérrez, defensor do povo, falou que em geral há cinco casos diários em todo o país, porém durante a quarentena o número disparou a oito.

Tanto Gutiérrez, quanto organizações defensoras dos direitos femininos denunciaram que a polícia não investiga direito os fatos, portanto poucas vezes se pode determinar ao certo qual foi o destino da vítima.

O pior é que as atuais leis peruanas não consideram o sumiço de uma mulher ato de violência de gênero, mesmo se o resultado for a morte da pessoa.

Só no mês de maio, 76 adultas e 207 menores – 158 meninas e adolescentes -  foram denunciadas ausentes de seus domicílios. As causas principais têm a ver com a pobreza, abandono social e a falta de uma política de Estado para o segmento populacional mais vulnerável, o que leva muitas moças a abandonarem suas famílias, às vezes para aceitar trabalhos de duvidosa legalidade.

Igualmente influi os maus tratos, a perda de afeto, confiança e comunicação, a dissolução familiar e o contato com desconhecidos por meio da internet, que pode ser uma porta rumo à exploração sexual ou de trabalho.

Ademais, não existe um Registro Nacional de Pessoas Desaparecidas, o que impede conhecer qual é a verdadeira magnitude do problema. Há informações que são obtidas a pedaços, fornecidas por organizações não governamentais, mas sem uma base oficial de dados.

Não se trata de um problema exclusivo do Peru. Em outros países da região também somem mulheres e o Estado não proporciona acompanhamento apropriado à vítima e seus familiares, uma prova a mais do atraso e abandono em vivem algumas dessas sociedades.

 



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