Por Guillermo Alvarado

O governo dos Estados Unidos presidido por Donald Trump passou da agressão econômica, comercial e financeira contra China a uma aberta perseguição acadêmica e cultural, uma espécie de macarthismo do século 21.

O secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo exigiu ao Centro Norte-Americano do Instituto Confúcio que se inscrevesse como missão estrangeira, sujeita à fiscalização especial.

Pompeo disse que esses centros de intercâmbio e aproximação entre povos são, em verdade, mecanismos de propaganda global e influência maligna do Partido Comunista Chinês.

Curioso raciocínio do chefe da diplomacia de um país, onde a Primeira Emenda da Constituição garante a liberdade de expressão, de imprensa e o direito à reunião pacífica das pessoas.

Vem à mente logo aquela frase de Mark Twain: “Pela bondade de Deus temos em nosso país estas três coisas indescritivelmente preciosas: liberdade de expressão, liberdade de consciência e a prudência de não exercer jamais nenhuma das duas”.

Retomando o tema de nosso comentário, os 75 Institutos Confúcio que operam nos Estados Unidos serão considerados entidades culturais e terão de prestar contas de suas finanças, pessoal e programas de trabalho.

Hoje em dia, existem 480 centros no mundo, onde ensinam sem fins de lucro o idioma, a história, a filosofia e o desenvolvimento do país asiático.

“Isso não é singular”, assinala Stephen Ndegwa, escritor e professor da Universidade Internacional dos Estados Unidos na África, com relação ao trabalho realizado em todo o mundo, por exemplo, pela Aliança Francesa ou o Instituto Goethe, da Alemanha, e o British Council, do Reino Unido.

Os próprios Estados Unidos têm institutos acadêmicos espalhados pelo planeta, China inclusive, em lugares tão sensíveis como Hong Kong e Shangai.

O Instituto Confúcio, portanto, entra no esquema de bloqueio decretado por Washington contra a plataforma de internet TikTok e algumas agências de notícias chinesas estabelecidas em território norte-americano.

Trump e seu empregado Pompeo estão ressuscitando o senador Joseph McCarthy, que tinha dirigido brutal cruzada contra supostos inimigos ideológicos durante o período da guerra fria, uma fase vergonhosa desse país.

O medo às ideias matou mais de um império ao longo da história, um caminho que esse governo parece disposto a percorrer.