Os lucros do diabo

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2021-01-12 09:53:38

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Por Guillermo Alvarado

O recém-finalizado 2020 foi um ano muito difícil, com graves prejuízos para quase todo o mundo em termos sanitários, sociais, políticos e econômicos, exceto os grandes consórcios industriais e comerciais farmacêuticos que embolsaram muito dinheiro por conta da pandemia da Covid-19.

Editorial do jornal mexicano La Jornada publicado no domingo passado revela que as principais firmas desse setor aumentaram seu capital em 90 bilhões de dólares nas Bolsas.

Assim estimou pesquisa feita pela empresa de análise de dados científicos Airfinity, onde se relacionam estas subidas com as possibilidades de fabricar uma vacina segura contra o novo coronavírus.

Interessante que nesse negócio teve papel chave o investimento que fizeram os governos com dinheiro público, isto é, com os impostos que paga a população.

Com efeito, os números demonstram que os governos de vários países apoiaram as pesquisas com 8,6 bilhões de dólares, aos que se somam outros um bilhão 900 milhões entregues por fundações privadas e outras organizações.

Já as farmacêuticas tiraram de suas caixas 4,4 bilhões de dólares, ou seja, menos da metade de todo o investimento, porém vão ficar com 100 por cento dos lucros obtidos.

E tem mais. A organização não governamental Médicos sem Fronteiras denunciou que as empresas farmacêuticas privadas tiveram livre acesso à informação e às pesquisas sobre a pandemia realizadas nos laboratórios e universidades públicas, porém não têm obrigação de compartilhar seus ganhos.

Como diz La Jornada, é um caso típico de enriquecimento privado à custa de fundos públicos.

Ao longo de décadas, a doutrina neoliberal induziu os governos a desmontar os gastos em setores como a saúde pública, não só no que diz respeito a hospitais e outros centros de assistência, mas também no desenvolvimento do conhecimento e a prática científica e deixá-los em mãos de particulares.

Quando chegou a Covid-19 todo esse aparato estava desarmado, tanto nas grandes potências quanto nos pequenos países dependentes, exceto aqueles, como Cuba, que tiveram o cuidado de não abandonar esse importante aspecto da vida.

Podemos dizer, então, que cada dólar que entra nos cofres das grandes corporações farmacêuticas foi tocado pela mão do diabo, porque leva em si a dor, o sofrimento, o pranto e a vida de milhões de pessoas.

 



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