Incineración en grupo de personas que han muerto por coronavirus en los últimos días, en un crematorio de Nueva Delhi, India. / REUTERS / ADNAN ABIDI
Guillermo Alvarado
As imagens difundidas pelos meios de comunicação nos últimos dias com relação à situação sanitária na Índia, afligida pela Covid-19, lembram aquelas páginas terríveis do romance A Peste, do escritor Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura.
O escritor francês relata como, no meio de uma brutal epidemia, as autoridades chegaram a utilizar bondes para transportar centenas de mortos às imediações de uma cidade infestada, e queimá-los em grandes fogueiras. A ficção criada por Camus não tem nada a invejar da realidade.
Isso mesmo está se passando agora em Nova Déli e noutras cidades da Índia, onde os hospitais colapsaram e dezenas de pessoas estão morrendo antes de conseguir um leito, e se conseguem não quer dizer que achem os medicamentos e o atendimento indispensável para salvar suas vidas.
O diretor da Organização Mundial da Saúde OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, avisou que a situação era dolorosa demais. Disse que estão providenciando o envio de meios, especialmente oxigênio, que é insuficiente.
Agências de notícias internacionais publicam declarações de testemunhas, segundo as quais os corredores dos hospitais estão abarrotados de leitos e pacientes que suplicam uma ajuda.
A média de novos casos é de 350 mil ao dia, nunca visto antes no curso desta pandemia. Se continuar assim, a Índia, com um bilhão 300 milhões de habitantes, somará pouco mais de um milhão de contágios a cada três dias.
Acham que o crescimento exponencial de doentes se deve a uma dupla mutação do coronavírus original, o que preocupa muito seus vizinhos e o resto do planeta.
O chefe do Estado Maior da Defesa, o general Bipin Rawet, colocou à disposição dos hospitais as reservas de oxigênio das forças armadas e declarou que os médicos militares reformados vão apoiar as tarefas para conter a Covid19.
Inúmeros governos anunciaram o envio de ajuda. É de se esperar que o descenso aos infernos que ora vive a Índia sirva de exemplo e aviso a outros, que ainda hesitam em adotar medidas severas de isolamento.
A OMS assinalou que embora haja uma trégua na Europa, onde estão sendo dados tímidos passos para retomar a vida normal, a pandemia está crescendo em termos globais e o perigo não chegou ao fim, pelo contrário.
Vendo a índia, vale recordar mais uma vez aqueles versos do poeta metafísico inglês John Donne: “Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.