Indiferença mortal

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2021-05-02 22:19:56

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Uno de loscuerpos avistados en el MediterráneoFLAVIO GASPERINI | EFE

Guillermo Alvarado

O mundo assistiu consternado à morte de 130 pessoas que naufragaram no mar Mediterrâneo quando tentavam cruzar suas águas em frágil embarcação. Aliás, esse mar se converteu no túmulo de milhares de migrantes em sua viagem à Europa.

Dói ver tanta gente morrer. Afinal de contas são seres humanos vulneráveis, vítimas de doenças, pobreza, condições climáticas extremas ou violência, que exerciam seu direito legítimo de buscar um futuro melhor para si e suas famílias.

No caso do naufrágio em questão, provoca indignação que pediram socorro insistentemente ao longo de dois dias por causa do mau tempo e a fragilidade da lancha de borracha que os transportava e nenhum dos países avisados fez nada para salvá-los.

Quando a embarcação de salvamento humanitário Ocean Viking e um navio mercante chegaram ao lugar só acharam corpos sem vida e nenhum sobrevivente.

O qualificativo mais exato ao acontecido faz alguns dias no Mediterrâneo foi dado pelo papa Francisco, quando disse que era vergonhosa a maneira em que essas pessoas foram abandonadas. Em verdade, é bem longa a lista de vítimas nesse trajeto, um dos mais perigosos para os migrantes.

De acordo com a Organização Internacional das Migrações – 0IM – outras duas embarcações com 42 viajantes afundaram naqueles dias entre as costas da Líbia e Itália, o que significa, em total, 172 mortos.

O fluxo de seres humanos desesperados da África para a Europa não para, apesar da pandemia da Covid-19, inclusive sobe por essa mesma circunstância.

Desde o começo do ano, a OIM registrou a morte de 500 pessoas no Mediterrâneo central, ou seja, três vezes mais do que no mesmo período de 2020.

Não existe a menor noção de quantos perecem no trajeto por terra desde seu lugar de origem, porém se sabe que entre as penúrias da viagem e a ação dos traficantes e de outras gangues, a letalidade é muito elevada.

Há outro caminho muito perigoso, se chama “Canária”, em alusão às ilhas espanholas do mesmo nome, onde, no começo da semana passada, foi achado um caíque com 17 mortos e três sobreviventes.

O grupo “Caminhando Fronteiras” disse que em 2020 morreram  2.170 migrantes tratando de chegar à Espanha, provenientes do Marrocos, Mauritânia, Senegal ou Gâmbia.

Por trás de tantas vidas perdidas estão os prejuízos ocasionados ao longo de séculos de exploração colonial europeia na África, uma dívida que ainda não se pagou.

 

  



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