Esperança e incerteza

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2021-07-29 15:10:12

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Prensa Latina

Guillermo Alvarado

Desde quarta-feira passada, o presidente do Peru é o professor e dirigente sindical José Pedro Castillo, uma figura nova na agitada vida política do país, formado nas lutas populares da pobre e esquecida região andina de Cajamarca.

Na juventude, participou das chamadas “rodadas camponesas”, uma espécie de organização autônoma das zonas rurais, cujas funções principais são vigiar o território para evitar o roubo de gado e defender os direitos dos moradores.

Castillo, 51 anos, foi professor de primária e entrou no sindicato de trabalhadores do setor de educação. Sobressaiu durante uma greve que abalou o governo de Pedro Pablo Kuczinsky em 2017 conseguindo importantes benefícios para os professores.

Em 2021, o partido Peru Livre lançou a candidatura de Castillo para a presidência e sucedeu o imprevisto: foi vencedor no primeiro turno e ganhou de Keiko Fujimori no segundo.

Derrubadas todas as barreiras, Castillo inicia um período de governo rodeado de otimismo, principalmente dos mais pobres do país, que sempre foram esquecidos pelos poderosos assentados em Lima, a capital.

Espera-se que o Peru sob a presidência de Castillo muda sua política exterior, rompa a submissão que os presidentes anteriores mostraram ante os Estados Unidos e se una aos esforços por uma integração que leve em conta as necessidades dos povos e não os interesses de Washington.

Contudo, as coisas não serão nada fáceis, porquanto terá de trabalhar num país onde a instabilidade política faz parte do dia a dia. Nos últimos cinco anos, o Peru teve nada mais e nada menos do que quatro presidentes!

Antes de assumir a direção do país, Castillo sofreu sua primeira derrota quando a direita servindo-se de artifícios se apoderou da presidência do Congresso, o que faz prever uma tormentosa relação no futuro imediato.

Trata-se de um Congresso  com dez partidos políticos e nenhum deles detém maioria absoluta. Peru Livre possui o maior número de deputados, que ocupam 37 das 130 cadeiras e terá de aprender a negociar em ambiente hostil.

Um primeiro passo audaz seria conseguir a convocação à Constituinte para redigir uma nova Constituição que estabeleça regras democráticas claras e apague o que a direita tradicional impôs ao longo de décadas.



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