COP-26 deu em quase nada

Editado por Irene Fait
2021-11-16 17:51:26

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 Photo: www.aa.com.tr

Por Guillermo Alvarado

A reunião de cúpula da ONU sobre mudança climática, realizada em Glasglow, terminou com aberto divorcio entre o aquecimento global, uma realidade que exige medidas já, e os interesses dos países ricos que são os que mais poluem a atmosfera.

Como de costume, uma manobra de última hora negociada em sigilo e aceita pela direção do encontro, acabou com as esperanças de que, finalmente, venceria o bom-senso e poderíamos deixar um planeta mais habitável aos nossos descendentes.

Quando se debatia a declaração final, apareceu de repente uma modificação aparentemente inocente, que deitou por terra o trabalho de meses anteriores.

Ao invés de exigir a eliminação do uso de combustíveis fósseis e carvão, se recomendou sua “diminuição gradativa”, o que deixou as coisas como estavam antes.

E tem mais. Os países ricos não se obrigaram a manter o fundo anual de 100 bilhões de dólares, que serviria para financiar a transição energética e a adaptação à mudança climática nos países pobres.

Recusaram-se, igualmente, a pagar os prejuízos e danos causados pela exploração irracional e sem freios dos recursos naturais no mundo menos desenvolvido.

Raiva e frustração predominavam dentro e fora do salão. Ciente do que estava se passando, o presidente da reunião de cúpula, o britânico Alok Sharma, pediu desculpas pelo acontecido no final, mas não pôde evitar que várias delegações criticassem com força o comportamento de um pequeno grupo de poderosos.

Salvou-se, por enquanto, o princípio de impedir uma subida de temperatura global acima de 1,5 graus centígrados no fim do século. Foi uma vitória pírrica, insuficiente e vazia de conteúdo.

Gabriela Bucher, diretora executiva de Oxfam Internacional foi quem melhor descreveu o que se passou na cidade escocesa de Glasgow.

Claramente – disse – alguns líderes mundiais acham que não vivem no mesmo planeta que nós. Parece que nenhuma quantidade de incêndios, subida do nível do mar ou estiagens farão com que recuperem o bom-senso, para conter o aumento das emissões poluentes à custa da humanidade.

Os temas principais, portanto, foram adiados para o próximo encontro, que será o COP-27 e acontecerá em 2022, na cidade do Cairo, capital do Egito, e tornará a ser chamado “ a última oportunidade de salvar o mundo”.

É claro que não será a última, nada disso. Será uma a mais para o colapso climático. A Covid-19 nos ensinou a viver com uma máscara sanitária. Será o próximo passo acostumar-nos a carregar um tanque de oxigênio?

 



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