A menina violada

Editado por Irene Fait
2021-12-16 17:10:53

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Illustrative image taken from Archivo/RHC

No planeta, não há uma só região que tenha sofrido tantos abusos, concentrado tantos males e calamidades como a África. Esse continente parece estar à margem da espécie humana, seus habitantes vivem expostos à fome, às doenças e aos eventos da natureza.

Recente relatório da FAO – Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura- em parceria com as comissões Econômica e da União Africana revelaram que a desnutrição cresceu  em 50 por cento de 2014 a 2020, naquele continente.

Isso significa que 281,6 milhões de pessoas padecem graves deficiências alimentícias, quase 90 milhões mais do que faz sete anos atrás, ou seja, fracassaram todos os esforços para conseguir que o flagelo da fome diminuísse e as famílias tivessem acesso à uma alimentação digna.

Às causas habituais do mencionado problema, como a pobreza, os conflitos armados, as variações do clima e as pragas, se juntam agora as consequências da pandemia da Covid-19.

O pior é que se trata de uma região onde se concentram enormes riquezas naturais, cuja exploração não favorece os habitantes e sim as empresas estrangeiras.

África é uma menina violada, me disse certa feita uma amiga que trabalhou lá muitos anos, portanto, sua recuperação nunca será total e depende de muitos fatores, como a vontade da comunidade internacional, que prefere virar as costas, abandoná-la ou esquecê-la.

Tem sido assim desde o comércio de escravos e a voraz colonização europeia, que traçou fronteiras à vontade, separou povos e foi a causa de muitos problemas que, ainda hoje, provocam vítimas e rancores.

A exploração está longe de ter acabado, o mundo desenvolvido tira de lá minérios valiosos e as chamadas “terras raras” que são estratégicas para o transporte, a indústria espacial e militar e as modernas tecnologias da comunicação.

Recursos estimados em bilhões de dólares estão saindo da África, onde só deixam migalhas, corrupção, solos destruídos, condições de trabalho próximas da escravidão e nenhum tipo de desenvolvimento local.

É vergonhoso o que está se passando com a vacinação contra a Covid-19. Em países como a República Democrática do Congo não chega a um por cento, enquanto isso, na Europa, a imunização superou 70 por cento.

Dizem que a África é o berço da humanidade, lá germinou a semente que se espalhou por todos os continentes. Bem triste e ingrato é o pagamento que recebe em troca.

 



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