Feliz Ano Novo?
Milhares de voos cancelados no mundo todo, escolas, escritórios e outros centros de trabalho fechados, futuro incerto por causa da pandemia de Covid-19 mostram que não começamos melhor 2022 do que tínhamos terminado o ano passado.
O panorama inquietante foi delineado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adharom Ghebreyesus. Ele exortou a não minimizar o perigo da variante ômicron cuja velocidade de transmissão é bem maior que das cepas anteriores.
Que seja menos mortal que Delta não significa que seja mais leve, disse o funcionário recordando que, nas últimas semanas, os hospitais de muitos países colapsaram por causa do elevado número de casos, alguns graves e mortais.
Os fatos estão aí para confirmar. Nos EUA, em três de janeiro houve um milhão de novos casos, em apenas 24 horas! Os números disparam em outros lugares. Por exemplo, na Europa, onde estão sendo adotadas novas medidas restritivas.
O diretor-geral da OMS também falou nos problemas derivados da desigualdade quanto ao acesso às vacinas no mundo.
Faz meses, a organização recomendou que todos os países tivessem 10% de sua população totalmente vacinada até o final de setembro de 2021, indicador que deveria ter subido a 40% em 31 de dezembro.
Todavia, dos 192 membros da OMS, 92 não atingiram a meta e 36 finalizaram o ano debaixo de 10% de imunização completa de seus habitantes, todos do chamado mundo pobre.
Todos concordam em que um vírus modifica suas propriedades, isto é, se transforma quando se transmite inúmeras vezes de um hospedeiro a outro. Um pequeno grupo de nações, portanto, não resolve o problema se vacina toda sua população, quando no resto dos países a doença campeia.
Os cientistas sabem disso desde o começo, porém os grandes laboratórios multinacionais, em lugar de usar o bom senso, usaram a avareza e optaram por juntar enormes lucros vendendo seus produtos aos mais ricos, que obstaculizaram uma distribuição equitativa.
O pior é que nas nações supostamente desenvolvidas cresceu um movimento anti-vacina inexplicável e inadmissível, enquanto milhões pediam ajuda para conter o vírus.
Nada faz pressagiar que esse comportamento se modifique em 2022, portanto, é bem difícil desejar Feliz Ano Novo a uma humanidade que teima, com rara exceção, em fazer infeliz a si mesma.