Fronteiras mortais

Editado por Irene Fait
2022-01-26 17:28:27

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Foto / BBC

Autoridades migratórias dos Estados Unidos detiveram, em 2021, mais de dois milhões de pessoas na fronteira com o México quando tratavam de entrar em território daquela nação sem a documentação requisitada. Estamos falando em número recorde desde que tais registros são feitos.

Ao longo desse período morreram, nessa área, 650 migrantes, a maioria obrigada a cruzar por lugares perigosos, por causa da implacável perseguição da qual são alvos.

Desde 2014 não ocorria um número tão elevado de mortes, o que significa que são mais e mais pessoas que buscam entrar, seja como for, arriscando suas próprias vidas e as de seus acompanhantes, nos EUA, tido como a terra das oportunidades.

Os mencionados números não englobam aqueles que morrem no trajeto desde que saem de seu lugar de origem, vítimas de acidentes, assaltos, doenças e outros males, uma tragédia cuja magnitude dificilmente se saberá ao certo.

O governo de Joseph Biden fracassou em todas as linhas durante seu primeiro ano de gestão para conter essa crise.

Todavia, esse não é o único lugar onde se desfazem os sonhos dos que aspiram a se livrar das necessidades, da fome e da violência, e encontrar um futuro melhor.

Os áridos caminhos que conduzem até o norte da África, e as águas do mar Mediterrâneo sepultaram milhares de seres humanos, diante da indiferença de muitos governos europeus que são, em boa medida, responsáveis pela miséria reinante no chamado Continente Negro.

Existem três caminhos por onde transitam os migrantes. O primeiro é o caminho da Europa Central, cujo ponto de partida é a Líbia e o destino quase sempre é Sicilia, na Itália, ou Malta. É considerado o mais perigoso, e atravessar a Líbia, país que a OTAN e os EUA levaram praticamente à Idade Média, é um martírio devido à presença de bandos armados e o ressurgimento dos mercados de escravos.

A segunda rota é a Ocidental, que conduz até as costas da Espanha e uma derivação da mesma leva às Ilhas Canárias.

A viagem pelo caminho Oriental, parte da Turquia e se dirige à Grécia, principalmente à ilha de Lesbos, de onde se difundem imagens terríveis sobre as condições em que vivem aqueles que conseguem chegar lá.

O ano 2022 não será diferente: centenas de milhares de pessoas buscarão um sonho inexistente nas potências que, de uma maneira ou outra, concorrem para seu desespero e depois lhes fecham as portas com espantosa frieza.

 



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