De guerra em guerra

Editado por Irene Fait
2022-05-15 17:32:01

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Por Guillermo Alvarado

O polêmico intelectual Arthur Koestler, nascido na Hungria e nacionalizado britânico, afirmou certa feita que “O som mais persistente que ecoa ao longo da história do homem é o retumbar dos tambores de guerra”, uma frase que reflete a irracionalidade dos únicos animais “racionais”.

Os humanos se gabam de sua superioridade na escala biológica, o que, em determinadas ocasiões, de fato é assim mesmo, especialmente quando a inteligência é colocada ao serviço da vida e do bem-estar de nossos semelhantes, porém esta não é cara mais frequente que costumamos mostrar.

Da enorme quantidade de espécies que a natureza pôs no planeta, somos a única que, sem motivos extremos de sobrevivência, eliminamos sistemática uma parte de nossos semelhantes, quebramos o equilíbrio ambiental e nos aproximamos perigosamente da extinção.

De fato, temos a tecnologia suficiente para que a forma futura da Terra seja uma mancha de umidade, ou um cogumelo atômico suspenso no espaço, como disse o escritor guatemalteco Marco Augusto Quiroa.

Estamos em um momento de definição, porque coincide a fragilidade extrema das organizações criadas para garantir a vida e a paz, com o descomedimento quase patológico da principal potência econômica e militar.

O sistema da Organização das Nações Unidas é impotente quanto ao objetivo de prevenir ou parar os conflitos entre países e povos. Bastava levar em consideração os pedidos de segurança da Rússia diante da expansão da OTAN, para evitar a guerra no leste da Europa.

Anteriormente, a ONU também não tinha conseguido evitar as guerras da Coreia, Vietnã, Irã-Iraque, Iugoslávia, Afeganistão, duas vezes mais contra o Iraque, a Líbia, a Síria e as intervenções dos EUA na América Latina e o Caribe, para citar apenas alguns casos, isto porque são muito mais.

Ao mesmo tempo, estamos vendo Washington preparar um orçamento militar de 813 bilhões de dólares para o ano que vem, uma soma suficiente para erradicar a fome no mundo, construir escolas para as crianças do planeta ou cobrir os gastos de adaptação à mudança climática.

Com uma ínfima fatia desse dinheiro, se poderia resolver o problema da migração, se fosse utilizada para gerar desenvolvimento e oportunidades nos países emissores de viajantes sem documentos.

Imaginam quantos hospitais poderiam ser construídos com 813 bilhões de dólares? Quantas doenças poderiam ser eliminadas? Quanto sofrimento poderia ser poupado?

Ao invés disso, vamos de guerra em guerra, de morte em morte, de dor em dor até o fim, talvez não tão distante.

 



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