Provocação absurda

Editado por Irene Fait
2022-08-04 17:10:05

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 / AP

Por Guillermo Alvarado

Sem necessidade, o governo dos EUA deu um lamentável passo em falso com a visita da presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan. Provavelmente prejudicou para sempre as já precárias relações de Washington com a China.

Para a China, a ilha de Taiwan faz parte integrante de seu território nacional, não obstante as tropas reacionárias de Chiang Kai-shek terem se instalado lá, desde 1949, fugindo da vitoriosa Revolução, sem abrir mão de seus intentos de separá-la com o apoio de ocidente.

A imensa maioria dos países do mundo reconhece e tem relações diplomáticas ou comerciais com a China e só um pequeno grupo, oito nas Américas, um na África, outro na Europa e quatro na Oceania, mantêm relações com Taiwan, vários deles em troca de polpudas doações.

A visita de Pelosi, portanto, foi uma clara intromissão nos assuntos domésticos de outra nação e uma violação de sua soberania cujas consequências prejudicarão as relações entre Estados Unidos e Pequim, e se farão sentir noutros lugares do mundo.

Quais são as verdadeiras intenções de Washington com esse gesto desnecessário, perigoso e repudiável? É difícil responder a esta pergunta.

Podemos pensar que quisessem fortalecer a imagem do presidente Joseph Biden pensando nas eleições de meio mandato, em novembro, as quais prevêem a perda da maioria do partido Democrata na Câmara de Representantes e no Senado.

Se fosse isso, acabou sendo um fiasco porque, exceto declarações de alguns legisladores exaltados, democratas e republicanos, a classe política norte-americana não explodiu de alegria.

Poderia ter sido também uma prova de força, um sinal de poder e prepotência e uma maneira inútil de humilhar a China, o que seria vergonhoso para os que estão dirigindo a primeira potência econômica e militar do planeta.

É verdade que Pequim se incomodou, porém esse país por sua cultura milenar e longa tradição política, não se deixa levar pelo ímpeto, e sua resposta será bem pensada, profunda e abrangerá muitos setores.

Como tinha advertido o colunista Josh Rogin, do jornal The Washington Post: “a maior repercussão da visita de Pelosi ocorrerá depois de voltar para casa, ao longo de semanas, meses e anos”. A Casa Branca não deveria tomar esta advertência com leviandade.

Para começar, o mais notável será o fortalecimento das relações entre a China e a Rússia, o primeiro sinal de que nessa desastrada jogada política o tiro saiu pela culatra para os Estados Unidos.



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