Dois males endêmicos nos Estados Unidos

Editado por Irene Fait
2023-01-31 17:27:19

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Protesto em Memphis pela morte de Tyre Nichols. JOE RAEDLE / AFP

Por Maria Josefina Arce

O ano 2023 não começou nada bem para os EUA. A brutalidade policial e as mortes provocadas por armas de fogo marcaram o primeiro mês do ano naquele país, onde acontecimentos desse tipo já fazem parte do dia a dia da sociedade.

A morte do jovem norte-americano Tyre Nichols, depois de ter sido espancado por cinco policiais na cidade de Memphis, reabriu o debate sobre o uso excessivo da força contra a população negra.

O vídeo, divulgado pelas autoridades, chocou os norte-americanos pela violência utilizada contra o jovem, que morreu algumas horas depois de sua detenção. Em várias cidades, as pessoas saíram às ruas, indignadas, para protestar.

Infelizmente, estas ocorrências são frequentes nos EUA. Provavelmente muitos se lembrem do assassinato de George Floyd, em 2020, na cidade de Minneapolis. Um caso que também desencadeou intensa onda de protestos para exigir justiça e a cessação da brutalidade policial, uma das violações dos direitos humanos mais graves e perduráveis nos Estados Unidos.

Embora em várias cidades tenham sido aprovadas políticas de uso da força mais restritivas, a situação, longe de melhorar, piorou. Em 2022, houve ao menos 1.176 homicídios cometidos por policiais, o número mais elevado em dez anos, desde que começou a funcionar uma base de dados sobre este tipo de ocorrências.

Recente estudo revela que os afro-norte-americanos têm três vezes mais chances de serem as vítimas.

Mas este não é o único problema. Os norte-americanos também estão muito preocupados com os tiroteios, quarenta no primeiro mês do ano com vários mortos e feridos.

De acordo com a organização Arquivo da Violência Armada, o número anteriormente mencionado equivale a um ato de violência armada cada 24 horas.

Em 2022, houve mais de 600 tiroteios em território norte-americano e 1.358 adolescentes morreram por feridas provocadas por armas de fogo, revelou a organização, que registra esses incidentes quase em tempo real.

A verdade é que, nos Estados Unidos, existem mais armas nas mãos de civis do que população; os homicídios com armas de fogo são 25,2 vezes mais elevados do que no resto dos países desenvolvidos e há mais tiroteios do que em qualquer outro lugar no mundo.

Os esforços para conter esta situação esbarram em fortes interesses políticos e na famosa segunda emenda da Constituição, que favorece o porte de armas sendo arvorada pelas pessoas que estão em favor das mesmas, para impedir qualquer regulamentação.

A brutalidade policial e a violência praticada com armas de fogo são males endêmicos nos Estados Unidos, uma nação com profundo racismo, institucionalizado, e uma cultura de armas que virou epidemia.

 



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