O temor persiste em Ohio

Editado por Irene Fait
2023-02-20 18:19:45

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ABC 6

Por Maria Josefina Arce

A vida em Palestina Oriental, situada no estado norte-americano de Ohio, foi seriamente alterada desde o começo de fevereiro. Um trem com materiais tóxicos descarrilou na periferia do mencionado vilarejo e provocou um incêndio. Um lastimável acidente que as autoridades não quiseram comentar muito.

O descarrilamento provocou temor entre a população, isto porque cinco dos 150 vagões do trem transportavam cloreto de vinila, um material altamente cancerígeno que pode causar transtornos respiratórios, dores de cabeça, vertigens e danos hepáticos.

Além disso, havia outros produtos químicos potencialmente tóxicos sobre os quais só informou muitos dias depois. Em verdade, só se soube do que havia no trem 72 horas depois do descarrilamento.

Há múltiplas contradições. No começo, as autoridades ordenaram uma evacuação que era “questão de vida ou morte” numa zona vermelha, com risco de vida, e outra amarela, com risco de ferimentos e danos pulmonares.

Cinco dias mais tarde, as autoridades garantiram que era seguro voltar para casa, apesar de os meios de comunicação ter insistido em que as condições do ar ainda não tinham sido determinadas.

A qualidade da água foi outro aspecto dúbio. De um lado, falavam que não estava poluída. Do outro, pediam que as pessoas bebessem água engarrafada. E milhares de peixes apareceram mortos no rio próximo do lugar.

Ativistas meio ambientais criticaram a falta de transparência das autoridades e de Norfolk Southern, a empresa dona do trem. Uma semana depois do ocorrido em Ohio, pasme, a mesma empresa foi protagonista de outro descarrilamento, desta feita nos arredores da cidade de Detroit, no estado de Michigan.

Sindicalistas denunciaram que as empresas ferroviárias não ligam à manutenção e às medidas de segurança para poupar dinheiro.

Os sindicalistas explicam que o sistema operacional vigente desde 1990, identificado como PSR (Precisão Programada de Ferrovias), busca diminuir os tempos de envio e custo. Assim, os trens viajam com enorme número de vagões e cada vez menos tripulação.

O meio digital La Izquierda Diario revela que a indústria ferroviária norte-americana cortou em 25% sua mão-de-obra de 2017 a 2021 provocando maior pressão sobre os trabalhadores, que pedem condições ótimas para exercer suas funções.

No final do ano passado, houve grandes tensões por causa do conflito entre as companhias ferroviárias e os sindicatos do setor, que ameaçaram deflagrar uma greve se não se aprovasse um contrato coletivo de trabalho mais favorável e não fosse eliminado o PSR.

Todavia, o Congresso e o presidente Joe Biden se intrometeram no assunto e dois dias depois foi aprovada uma lei para evitar a greve. A mencionada lei não foi apoiada por todos os sindicatos do ramo, porquanto não satisfazia suas principais demandas.

Para muitos, se forçou um contrato coletivo e se esquivou o diálogo social para evitar prejuízos econômicos. O senador Bernie Sanders afirmou: “Não há um exemplo mais claro de avareza corporativa do que vimos hoje na indústria ferroviária”.

E, enquanto se procura não tocar os lucros, se deixa a porta aberta a graves acidentes como o de Ohio, uma possibilidade sobre a qual tinham advertido faz muito tempo os trabalhadores ferroviários por causa das condições de trabalho e de segurança dos trens de carga. 



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