Movimento indígena do Equador em mobilização permanente

Editado por Irene Fait
2023-02-27 17:34:31

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Movimiento indíegena en Ecuador

Por Maria Josefina Arce

O movimento indígena do Equador pôs o presidente Guillermo Lasso contra a parede. No fim da semana passada se declarou em mobilização permanente contra a política neoliberal do governo, que prejudica todos os equatorianos.

A CONAIE (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador) exigiu a demissão do presidente por falta de legitimidade e descumprimento dos acordos de 2022, após a histórica greve nacional de quase duas semanas de duração.

Em junho do ano passado, os povos originários, aos que aderiram organizações sociais, organizaram várias mobilizações em boa parte do território nacional em protesto contra as medidas neoliberais adotadas pelo executivo e acusaram o governo de cumprir ao pé da letra as orientações do FMI (Fundo Monetário Internacional), como se fosse um dogma, machucando sistematicamente a população.

Igualmente, exigiam resposta a uma agenda de 10 pontos que tinha sido colocada às autoridades. As demandas incluíam fim da subida do preço dos combustíveis, melhora do emprego e direitos trabalhistas e reparação global dos impactos socioambientais causados pela mineração.

A CONAIE e outros grupos, como FENOCIN (Confederação Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Negras) acabam de se retirar do diálogo que mantinham com o governo, porquanto, não havia sinais de vontade política para atender aos seus pedidos.

Pelo contrario, o governo de Lasso continuou avançando com suas políticas neoliberais, que violentam os direitos territoriais, comunitários e a economia nacional.

O Equador, hoje, é uma nação de profundas desigualdades, o custo de vida continua subindo, fizeram drásticos cortes nas verbas destinadas à educação e à saúde, a insegurança é elevada e, sob o pretexto de atenuar a crise, Lasso potenciou o modelo econômico neoliberal, que atinge os territórios indígenas.

Dias muito difíceis esperam Lasso. O movimento indígena mostrou sua força e poder de convocação e organização dos protestos sociais no país. Reivindicam não só os direitos das comunidades autóctones, mas também de todos os segmentos populacionais.

Em outubro de 2019, os indígenas lideraram as mobilizações contra o governo do então presidente Lenin Moreno por causa das medidas econômicas que tinha implementado, seguindo o acordo fechado com o FMI. O enorme protesto obrigou as autoridades a cancelar o decreto 883 que eliminava o subsídio ao combustível, estopim do movimento popular.

Onze pessoas morreram e perto de 100 sofreram danos na vista pelo impacto das balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo lançadas pelas forças policiais e militares contra os manifestantes.

Lasso também mandou atacar os que participaram das mobilizações de 2022, chegou a prender o presidente da CONAIE, Leonidas Iza, porém os protestos adquiriram tamanha dimensão que se viu obrigado e colocá-lo em liberdade 24 horas depois.

Muito antes, os povos originários equatorianos já tinham deixado claro sua força de seguir para frente. Os intensos protestos em 1997 contra o presidente Abdalá Bucaram provocaram sua queda.

Isso se repetiria três anos mais tarde com, à época, presidente Jamil Mahuad.

A situação não favorece Lasso de jeito nenhum. O ambiente político e social é tenso, e a exigência que se demita é cada vez mais forte em todo o território nacional.

 



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