O empresário Daniel Noboa será o novo presidente do Equador

Editado por Irene Fait
2023-10-16 18:53:53

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Foto: El Periódico

Por Maria Josefina Arce

Em um cenário de altos níveis de insegurança, os equatorianos foram às urnas no domingo e elegeram como seu novo presidente o centro-direitista Daniel Noboa, do partido Ação Democrática Nacional, que terá uma tarefa muito complexa pela frente, pois recebe um país assolado pela violência, com uma situação econômica difícil e nas mãos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e suas políticas de ajuste draconianas que estão criando descontentamento entre a população.

O empresário milionário obteve 52,29% dos votos, superando assim sua adversária Luisa González, de Revolução Cidadã, que obteve 47,71%.

Mais de 82% dos cidadãos foram às urnas para exercer seu direito ao voto; quase 100.000 policiais e militares foram mobilizados, e observadores estrangeiros e nacionais presenciaram a votação.

As eleições antecipadas no Equador foram inéditas em muitos aspectos, como o uso, pela primeira vez, do mecanismo constitucional conhecido como morte cruzada e uma crise de segurança nunca vista antes.

O processo atual tem sido marcado por ações violentas, inclusive contra candidatos presidenciais, como o caso de Fernando Villavicencio, que foi assassinado em 9 de agosto, dias antes do primeiro turno das eleições.

Esse é um problema que se agravou nos últimos meses e que o presidente eleito terá de enfrentar. Neste ano, mais de 5.300 crimes foram registrados em território equatoriano, um número que já ultrapassa em muito os 4.600 ocorridos no ano passado, que foi considerado o mais sangrento da história do país.

Especialistas equatorianos apontam que essa situação é um sinal do fracasso das medidas de segurança do governo do presidente Guillermo Lasso, pois não se trata de dar mais balas à polícia, mas de estabelecer políticas públicas abrangentes para toda a sociedade.

E precisamente Noboa se encontra em um país onde a pobreza e a desigualdade voltaram a atingir altos níveis, depois de terem sido reduzidas notavelmente de 2007 a 2017, sob o governo de Rafael Correa, graças a um aumento nos gastos sociais e reformas econômicas e institucionais.

Mas a chegada de Lenín Moreno à presidência significou um retorno ao modelo neoliberal e ao FMI, o que levou a medidas de ajuste que tiveram um impacto negativo sobre a população. Essa situação foi agravada pela pandemia da COVID 19 e pelas políticas de seu sucessor, Guillermo Lasso, na mesma linha.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censo, em junho deste ano, a pobreza estava em 27% e a pobreza extrema em quase 11%. Apenas três em cada dez equatorianos tinham um emprego formal.

A economia também não está indo bem. Os especialistas estimam que, até o final do ano, o déficit fiscal chegará a cinco bilhões de dólares, quase 4% do Produto Interno Bruto.

Noboa, que se tornará o presidente mais jovem do Equador, completará o mandato de Guillermo Lasso até maio de 2025, embora já tenha manifestado sua intenção de concorrer novamente nesse ano.

Por enquanto, ele terá muito pouco tempo para encontrar soluções para os graves problemas que o país enfrenta, sem esquecer que defende os interesses da direita, do neoliberalismo e do empresariado.



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