O que vem por aí na Argentina?

Editado por Irene Fait
2023-12-11 17:37:14

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Por Maria Josefina Arce

O que vem por aí na Argentina? É a preocupação dos cidadãos desse país desde a vitória do ultradireitista Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, no 2º turno das eleições presidenciais em novembro passado e que foi empossado no domingo passado, 40 anos após o retorno da democracia.

Há muitas dúvidas com relação à situação econômica do país, que é crítica, e também quanto à posição de Milei em relação à privatização, à eliminação de ministérios e ao corte dos benefícios sociais dos quais muitas famílias dependem. A nomeação de Luis Caputo como ministro da Economia de seu gabinete também não animou as pessoas.

Ministro da Fazenda e presidente do Banco Central durante o governo do ora ex-presidente Mauricio Macri de 2015 a 2019, Caputo também é conhecido por ser um dos responsáveis pelo criticado empréstimo de 44 bilhões de dólares que o FMI (Fundo Monetário Internacional) concedeu à Argentina.

Uma instituição financeira internacional que não traz boas lembranças aos argentinos, dada a relação conflituosa estabelecida entre as duas partes desde a década de 1950 e que levou a programas de ajuste fortes e impopulares.

Mas Caputo também tem dois processos judiciais, um ligado a uma empresa offshore e o outro a uma possível administração fraudulenta e fraude contra a administração pública com o empréstimo solicitado ao FMI.

A nomeação de Patricia Bullrich, ex-candidata presidencial de Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança), do ex-presidente Macri, para dirigir o ministério da Segurança, também não agradou aos argentinos.

O nome de Bullrich voltou à tona durante a recente condenação dos responsáveis pelo assassinato, em 2017, do jovem mapuche Rafael Nahuel, que ocorreu quando a ex-candidata presidencial também atuava como ministra da Segurança no governo de Macri.

Na ocasião, Bullrich defendeu as ações dos cinco membros da Prefeitura Naval, que atiraram indiscriminadamente contra três jovens que haviam ocupado o Parque Nacional, na Patagônia argentina.  Nahuel foi assassinado com um tiro nas costas.

O caso Maldonado ocorreu, também, quando Bullrich era ministra. Em agosto de 2017, o artesão Santiago Maldonado desapareceu no rio Chubut, na Patagônia, durante um despejo.

Dois meses depois, seu corpo foi encontrado. Apesar das críticas e dos protestos, Bullrich manteve seu cargo durante todo o mandato de Macri.

Esses são alguns sinais do que aguarda a Argentina nos próximos quatro anos com a entrada de Milei na Casa Rosada. A incerteza sobre o futuro é o sentimento que predomina entre os cidadãos, hoje.



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