Invasão embaixada do México no Equador
Por María Josefina Arce
"As instalações da missão são invioláveis. Agentes do Estado receptor não podem entrar nelas sem o consentimento do chefe da missão", afirma claramente o artigo 22 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que o Equador violou nos últimos dias ao entrar à força na embaixada mexicana em Quito, a capital, para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, que havia recebido asilo político das autoridades mexicanas.
Inaceitável, injustificável, preocupante e incomum são alguns dos adjetivos dados à ação do governo liderado por Daniel Noboa, que provocou uma forte e ampla rejeição da América Latina e de organizações regionais e internacionais, como a ONU.
O Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou que as violações desse princípio colocam em risco as relações internacionais normais, tão necessárias para o avanço da cooperação entre os Estados.
O México cortou os laços diplomáticos com o Equador, que tentou justificar sua postura injustificável com um suposto risco de fuga iminente de Glas, que vem sendo perseguido desde que deixou seu cargo de vice-presidente há seis anos pelo sistema judiciário equatoriano, que o acusa de suposto envolvimento em casos de corrupção.
O fato é que a nação andina não cumpriu com seus compromissos internacionais. Lembremos que o país ratificou a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas em 1964.
Além disso, destacaram os analistas, a ação do Equador abre um grave precedente, coloca em risco as embaixadas de todos os Estados do mundo e quebra todas as regras do comportamento diplomático tradicional.
A invasão à embaixada mexicana também foi questionada no próprio Equador por várias entidades e organizações. O movimento Revolución Ciudadana expressou sua condenação e ressaltou que a invasão de uma embaixada é um ataque a território estrangeiro.
A Assembleia Nacional, por sua vez, convocou os ministros das Relações Exteriores, Defesa, Governo e Interior para dar explicações sobre o ataque à sede diplomática mexicana na quarta-feira.
A CELAC, Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, e a OEA, Organização dos Estados Americanos, também convocaram reuniões urgentes para analisar a situação atual.
O Equador desencadeou uma crise diplomática na América Latina. Muitas vozes se levantaram para condenar suas ações e pedir um diálogo entre as duas nações para resolver suas diferenças em estrita conformidade com o direito internacional.