A cada dia cresce o clamor latino-americano a favor da presença de Cuba na chamada Cúpula das Américas, encontro do qual tem sido excluída por pressões dos EUA.
Essas reuniões são auspiciadas pela OEA, Organização de Estados Americanos, que nos anos 60 expulsou Cuba como parte das manobras dos EUA para tentar isolar o processo revolucionário em curso neste país.
Apesar da política hostil dos sucessivos governos norte-americanos, inclusas campanhas agressivas na mídia, o prestígio da Revolução cubana foi crescendo e as nações da região foram reatando seus vínculos diplomáticos, consolidando as relações e hoje expressam abertamente o desejo de reverter a injustificável ausência nas cúpulas hemisféricas.
Nesta semana, o secretário-geral da UNASUL, União de Nações Sul-americanas, Ernesto Samper, criticou a exclusão de Cuba. Em sua conta no Twitter, colocou que essa postura é semelhante à de “fazer um almoço e não convidar um membro da família”.
Trata-se de uma opinião generalizada. No encontro anterior, em 2012 na Colômbia, o Equador não assistiu em protesto pela ausência de Cuba, e o mesmo fez a Nicarágua. Nessa reunião, em Cartagena das Índias, não houve consenso em vários temas e não foi aprovada nenhuma Declaração Final. O tema foi abordado nos debates e se tornou evidente a queda da influência dos EUA na região.
O encontro de 2015 será no Panamá, que tem sido alvo de fortes pressões de Washington. Além dos contatos diplomáticos diretos, o governo norte-americano emitiu várias declarações públicas se opondo à participação cubana.
Porém, as autoridades panamenhas mantêm uma posição firme quanto a essa polêmica. “América é um só continente, inclui Cuba e devemos respeitar isso”, expressou o presidente do país anfitrião, Juan Carlos Varela. Disse que a participação cubana é importante, porque poderia contribuir ao debate de situações políticas.
Essa postura tem sido ratificada pela vice-presidente e chanceler, Isabel de Saint Malo, que esteve em Havana em setembro passado. Aqui, convidou o presidente cubano, Raúl Castro, para que assistisse à Cúpula.
A América Latina mudou e parece que os EUA não perceberam. Já passaram os tempos em que os países da região se dobravam diante das ameaças do poderoso vizinho do Norte.
Hoje, existe nesta área uma forte vontade de emancipação, independência e integração, e uma rejeição total à política irracional e obsoleta de Washington contra Cuba.
(M.J. Arce, 14 de novembro)